Pois estamos vivendo mais um verão com dias escaldantes, com muito sol e chuva, com umidade e calor. Os termômetros já marcaram temperaturas na casa dos 40°C, naqueles dias que simplesmente ao respirar, estamos suando. E aí, o que se faz? Corremos para o ar condicionado, buscamos uma piscina, uma praia ou um ventilador. Uma água bem gelada já faz a diferença.
Então, vamos voltar no tempo? Vamos voltar 200 anos? Que tal uma turma de viajantes sair de um país localizado na zona temperada do Hemisfério Norte, com temperaturas médias de 10°C ou 15°C partir para um país tropical? Ainda mais numa fronteira climática, caso do RS, onde vivemos em extremos com calor e frio, alternando vivências inesperadas?
Essa viagem no tempo me faz imaginar os imigrantes chegando, em 1824, com o frio e as chuvas tradicionais dos nossos julhos e buscando construir suas moradias. Quanto de mato não havia a ser desbravado? E logo veio o calor nos meses seguintes, e as famílias sem os nossos confortos, sem as nossas tecnologias atuais, que amenizam o sofrimento.
Cabia a eles construir uma história, expostos à chuva, ao frio, ao calor. Sabemos que muitos imigrantes se instalaram, conforme pesquisas revelam, em ambientes totalmente inóspitos, sem energia elétrica, sem mínimos recursos. Só não lhes faltava coragem.
É simples, hoje em dia, tentarmos entender a dimensão do que viveram os alemães ao aqui chegarem. Nesses dias quentes do verão de 2024, você sai para uma caminhada (ou talvez em um carro com ar condicionado?) e nos morros que circundam a nossa região basta imaginar: no mato fechado em Morro Reuter às margens da BR 116? Nos morros em Dois Irmãos, rumo a Picada Verão? No mato fechado que separa a Rádio União FM da Universidade Feevale? Na estrada que leva a Santa Maria do Herval? O quão fechado tudo é… e isso hoje, em pleno século XXI. Que tal há 200 anos?
E no facão, na enxada, com algumas armas de fogo e outras armas brancas; com ferramentas forjadas pelos próprios imigrantes, em muitos casos, eles foram se instalando, vencendo calor e frio, chuva e umidade.
Ao passear, faça esse exercício: olhe em volta e lembre-se deles, há 200 anos, sem ar condicionado ou água gelada. Agradeça a persistência deles, a coragem, o destemor, a determinação. Eles venceram.