Pesquisa divulgada pela Unesco e Ministério da Saúde aponta que pais e alunos vêem com bons olhos a iniciativa do governo federal
Pais e estudantes aprovam a oferta de preservativos nas escolas públicas pelo governo federal. Este é o resultado de pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Para os entrevistados, a medida é importante para impedir a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) entre os adolescentes.
A pesquisa com pais, alunos e professores em 14 estados apontou baixa rejeição à iniciativa: 89,5% dos alunos e 63% dos pais consideram positiva a distribuição de camisinhas nas escolas, enquanto 5,1% dos estudantes e 12% dos pais acreditam que essa tarefa não compete às escolas. Entre os professores, somente 6,7% reprovam a ação do governo.
No estudo foram ouvidos 14.761 estudantes, 5.538 pais e 495 professores. O levantamento revelou ainda que 56% dos pais de alunos de estabelecimentos que aderiram ao Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) intensificaram o diálogo com os filhos sobre sexualidade, AIDS, gravidez e métodos contraceptivos.
A pesquisa mostrou que apenas 16,7% dos pais de estudantes atendidos pelo SPE receberam algum tipo de convite para colaborar com as atividades. De acordo com o levantamento, 51% dos pais convidados aderiram ao projeto.
Já o uso do preservativo está se tornando um hábito entre os adolescentes, pois dos 44,7% de alunos entre 13 e 24 anos que admitiram ter vida sexual ativa, 60,9% declararam ter usado camisinha na primeira relação e 69,7%, que fizeram uso na última relação.
De acordo com o estudo, a condição financeira não é o principal fator que leva os jovens a deixar de usar camisinha. Dos que revelaram não ter usado proteção, 42,7% disseram que o preservativo não estava disponível na hora da relação, enquanto 9,7% alegaram não ter dinheiro para comprá-lo.
As estatísticas revelaram ainda que, apesar de a prevenção às DSTs ser ensinada em sala de aula, a distribuição de preservativos nos colégios não segue o mesmo ritmo. A pesquisa apontou que das 207 mil escolas cadastradas no censo de 2005, em 97,6 mil a prevenção é abordada, mas somente em 8,9 mil delas a camisinha é oferecida aos estudantes.
Os estados com as maiores proporções de escolas onde há distribuição de camisinhas são Amapá (15,8%), Goiás (15,4%), Tocantins (14,7%) e Mato Grosso do Sul (14,3%). A média nacional está em 9,1% – são 8,7% no ensino fundamental e 16,9% no ensino médio.
Distribuição
A diretora do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, afirma que, até o final do ano, o governo planeja distribuir preservativos em 25% das escolas de ensino médio. Em 2005, esse índice ficou em 16,9%. Ao todo, serão oferecidas 100 milhões de camisinhas de 49 mililitros (tamanho menor e mais adaptado a adolescentes) a estudantes em todos os estados.
“A iniciação sexual entre os 12 e os 13 anos de idade já é um fato consumado. Agora, a gente tem de trabalhar com essa realidade até porque está cientificamente comprovado que a transmissão do HIV, nessa faixa etária, se dá principalmente pelas relações sexuais”, salienta.