Humorista André Damasceno fala sobre a carreira em entrevista exclusiva ao portal novohamburgo.org
Pouco antes de subir ao palco pela segunda vez neste Festival de Férias, o humorista André Damasceno conversou exclusivamente com o portal novohamburgo.org.
Nesta entrevista, ele fala sobre os 20 anos de carreira, sobre o aprendizado, seus ídolos na televisão e no teatro, sempre com muito bom humor.
Damasceno também anunciou que irá lançar em maio o CD com seu show e, ao final do ano, um DVD com suas melhores imitações, que conquistam fãs em todo o Brasil.
Quando se chega a 20 anos de carreira, é sinal de dever cumprido ou de que é apenas o início?
André Damasceno – Tem muito mais a vir pela frente, é óbvio. Eu pretendo comemorar 45 anos de careira. Comecei tarde, com 29 anos de idade e hoje estou com 49. Me formei em engenharia civil, trabalhei três anos nessa área. Deus me ajudou e fiquei desempregado, saí fora da engenharia e fui dar aula de matemática, que era a única coisa que eu sabia, além de física. Na sala de aula que começou a loucura. Eu tinha o domínio afetivo em sala de aula, contava piadas, fazia imitações, trocava silêncio dos alunos por risadas no final da aula. E aqui funcionou barbaramente.
Para quem gosta de física e matemática, como foi cair no humor, que não é nenhuma ciência exata?
Damasceno – Primeiro, é genético. Minha avó era imitadora, nunca profissional. Meu pai era imitador, meu irmão mais velho também imita e o único que levou mais sério fui eu.
Quem teu irmão mais velho imita?
Damasceno – Imita todo mundo mal. Eu também imitava mal, mas tu vais te aperfeiçoando. Ele é engenheiro mecânico, faz o Paulo Sant’ana, o Ruy Ostermann, mas nunca foi lapidado. É um dom, não adianta. Eu era muito empírico no meu humor. Quando comecei, meus textos não tinham final. E tem que ter final! Ritmo, entonação, pausa, “time”, isso tudo tem que ter e eu aprendi com eles, com o Brandão Filho, o Chico Anysio, Lúcio Mauro, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino. Cheguei cru quando fui para a Escolinha do Professor Raimundo com o Magro do Bonfa, em 1993.
Teu personagem de maior visibilidade foi justamente este. A que se deve isto, à influência da televisão?
Damasceno – A TV é fundamental para o teu trabalho. Eu era razoavelmente conhecido no Rio Grande do Sul como Magro do Bonfa, porque já tinha feito o Jornal do Almoço umas cinco vezes, toda a nossa imprensa já conhecia. Fiz meu primeiro show aqui em Novo Hamburgo, no Teatro Paschoal Carlos Magno, em 1989. Agora, claro que na Globo tu tens uma projeção nacional bárbara. Mas mais importante do que ir para a Globo, que é o sonho de todo artista, é conviver com a velha guarda do humor. Muitos deles já morreram, como Grande Otelo, Costinha, Rogério Cardoso, Roni Cócegas. Fiz amizade com eles, visitava eles. É uma turma que começou na Rádio Nacional, porque não tinha televisão na época.
E teus projetos hoje na televisão?
Damasceno – Hoje estou na Zorra, desde 2003, fazendo o Lula e o Corintiano. Na verdade, o Corintiano é uma sátira ao Lula. Aí a coisa evoluiu, o Agildo fazia o Babaluf e houve a união dos personagens, um chamando o outro de companheiro, o que é uma grande sacanagem.
Isto prova que o humor é também uma crítica política?
Damasceno – Tem que ser um pouco crítico. O humor fala em política, sexo, comportamento e em várias frases tu acaba ensinando o público. Há um lado cultural muito forte no humor. Eu sempre encerro meu show dizendo: “Viva a vida como se hoje fosse o último dia… Um dia você acerta.” Baita sacanagem.
Quem são teus ídolos no humor hoje, na TV e no teatro?
Damasceno – Na TV o Chico Anysio, o Agildo Ribeiro, o Jô Soares, o Renato Corte Real. No teatro o Juca Chaves, o Ary Toledo… Não concordo com o texto do Ary, porque acho muito apelativo, mas o ritmo do Ary é algo enlouquecedor. Talvez ele não tenha o dom natural do humorista e quis ser humorista. Então ele estuda muito.
Alguma novidade pela frente?
Damasceno – Nos dias 10, 11, 12 e 13 de maio eu vou estar lançando meu primeiro CD, que é “André Damasceno – 20 anos de humor”, no Teatro da Amrigs, em Porto Alegre. E, no final do ano, lanço o DVD.
Qual a possibilidade de trazer isto para Novo Hamburgo?
Damasceno – Sim, é total, 102,47%, com duas casas depois da vírgula.
Sobre o Festival de Férias, por que a comunidade deve comparecer?
Damasceno – É tão importante o Eduardo Holmes fazer este trabalho aqui. Porto Alegre tem o Porto Verão Alegre e ele está trazendo para cá, é a primeira cidade a ter esse projeto. E cidades vizinhas já estão querendo ter esse projeto também. E isso é muito bom. Aí venho eu, vem o Jair Kobe, o Nei Lisboa, o Bailei na Curva. Além de toda a promoção da imprensa.