Segurando cartazes, lanternas e celulares ligados, multidão cantou hino nacional e pediu por justiça. Incêndio na boate Kiss deixou 232 mortos. Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como uma “fatalidade”.
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Vestidas de branco, cerca de 10 mil pessoas voltaram a se reunir na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria, na noite desta segunda-feira, dia 28, para fazer uma caminhada em homenagem às vítimas de um incêndio na boate Kiss. O incêndio atingiu o local durante uma festa universitária, deixando 231 mortos na madrugada de domingo, dia 27.
Por volta de 22horas, o grupo partiu em silêncio da Praça Saldanha Marinho e, durante a marcha, cantaram o hino nacional e do Rio Grande do Sul. Pouco mais de uma quadra e meia depois, parte do grupo se deslocou até as proximidades da boate Kiss, ainda isolada pela Brigada Militar. Ali, se sentaram e fizeram um minuto de silêncio. Muitos choraram. Balões brancos foram jogados pelo ar e veio o clamor: “justiça, justiça, justiça”.
Segurando cartazes, lanternas e celulares ligados, o grupo seguiu caminho até o CDM – Centro Desportivo Municipal. A grande maioria vestia roupas brancas, alguns com adesivos colados com a palavra “luto” ou com fitas negras amarradas. De tempos e tempos, após alguns metros percorridos, um salva de palmas interrompia o silêncio. Orações, cantos, e muitas lágrimas eram as outras manifestações mais frequentes.
Pouco depois das 23horas, os primeiros manifestantes começaram a chegar ao ginásio que serviu de base de operações das autoridades e das forças de segurança desde as primeiras horas após o incêndio e onde muitos corpos foram veladas. No local, mais lágrimas foram derramadas e se repetiram os gritos de “justiça”.
“Desde o domingo estamos envolvidos com essa caminhada em memória das pessoas que morreram. É um ato simbólico para demonstrar nosso luto e pedir paz”, explicou Cássio Aguiar, um dos organizadores.
Incêndio e prisões
O incêndio começou por volta das 2h30min de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como “sputnik” atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação. O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente “não participava da administração da Kiss”.
Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. “Da minha parte, eu parei de tocar”, disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos. Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como uma “fatalidade”.
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias. O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
Informações de Portal G1
FOTO: reprodução / portal g1