Presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio avalia o crescimento do setor em 2010. –
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O ano de 2010, para Jorge Peregrino, presidente do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do município do Rio de Janeiro, representa o fim de uma era para o cinema brasileiro.
“A Retomada acabou, já era. Tivemos o melhor ano em pelo menos duas décadas. A comparação, agora, é outra. Não tem mais por que ficar falando de melhor ou pior da Retomada. O nosso mercado já superou isso”, diz Peregrino, referindo-se a como são chamados os últimos 15 anos do cinema brasileiro.
A motivação da declaração tem a ver com o balanço do sindicato para o ano, divulgado na última sexta-feira, dia 17. Segundo ele, o Brasil deve fechar 2010 com cerca de 135 milhões de ingressos vendidos e uma renda bruta de mais de R$ 1,2 bilhão. Confirmando-se o resultado, será o melhor desempenho do país desde que a pesquisa do sindicato começou a ser realizada, há 17 anos – em 2004, o número de espectadores havia superado os 117 milhões.
Além disso, considerando-se as estatísticas da antiga distribuidora federal Embrafilme e as estimativas do portal de análise de mercado Filme B, os 135 milhões de 2010 só seriam superados de 1981 (139 milhões) para trás – o ano recorde seria 1975, com 275 milhões de pessoas comparecendo aos cinemas.
Cinema nacional
Muito do sucesso de 2010 se deve aos filmes nacionais. De acordo com o sindicato, o público das obras brasileiras deve chegar a 26 milhões de espectadores no fim de dezembro, contra 16 milhões do ano passado, num aumento de 61%.
O recorde anterior do cinema brasileiro no período da Retomada pertencia a 2003, ano de filmes como “Carandiru”, “Lisbela e o Prisioneiro”, “Os Normais” e “Maria – A Mãe do Filho de Deus”, com 22 milhões.
O cinema brasileiro deve fechar sua participação no ano, portanto, em 19% do mercado total, um percentual maior do que os 14% de 2009, mas ainda abaixo dos 21% de 2003: isso se deve ao fato de a bilheteria das obras estrangeiras também ter crescido em 2010.
“Quando o cinema brasileiro cresce, todo o mercado cresce”, diz Peregrino. “Se tirar a bilheteria dos principais filmes brasileiros do ano, você fica praticamente com o mesmo número total de espectadores do ano passado. A diferença, então, está no filme nacional. A lógica é simples: se houver uma boa oferta de produtos, haverá público para eles”.
MAIS VISTOS – Os filmes nacionais mais bem posicionados em 2010 são, até agora, “Tropa de Elite 2” (10,8 milhões de espectadores), “Nosso Lar” (4,1 milhões) e “Chico Xavier” (3,4 milhões). “Tropa 2”, aliás, bateu o recorde de filme mais visto de todos os tempos do cinema brasileiro ao superar os 10,7 milhões de espectadores de “Dona Flor e seus Dois Maridos” (1976).
Crescimento na América Latina
Já entre os estrangeiros, os destaques de 2010 foram “Shrek Para Sempre” (7,4 milhões), “Avatar” (6 milhões – o filme de James Cameron, porém, totaliza 9,1 milhões se somados os resultados de 2009) e “Eclipse” (6,2 milhões).
“A gente provavelmente vai fechar o ano com uma renda em dólar maior do que a do México. Isso nunca aconteceu. É claro que a força do real conta para esse desempenho, mas ainda assim é um marca muito significativa”, explica Peregrino. “E isso não quer dizer que o México caiu. Na verdade, todos os países da América Latina, sem exceção, tiveram crescimento de bilheteria em 2010. Os maiores foram Colômbia, com 25% em relação ao ano anterior, e Brasil, com 32% a mais na renda”.
SALAS – Outro fator importante apontado pelo relatório do Sindicato das Empresas Distribuidoras está no número de salas de cinema. De acordo com Peregrino, a estimativa é que o país deve se aproximar de 2.500 salas no fim do ano, 6,3% a mais do que em 2009. As salas com equipamento 3D também cresceram: no ano passado eram 96, este ano devem chegar a 200.
Tudo isso deixa o mercado otimista para 2011. “Em 2010, tivemos um fator atípico, que foi o ‘Tropa de elite 2’. É mais ou menos o que ocorreu internacionalmente com o ‘Avatar’ e com o ‘Titanic’, que elevaram a renda em todo o mundo. Mas temos muitos filmes grandes para o ano que vem. Pode ser que não tenhamos um novo ‘Tropa 2’, mas talvez tenhamos quatro ou cinco ‘Chico Xavier’. Os distribuidores estão animados”, garante Peregrino.
Informações de O Globo
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