Ano eleitoral chegando e a Câmara de Vereadores de São Leopoldo se vê no direito de elaborar projeto que poderá aumentar o número de assessores de gabinete e, logo, o número de cabos eleitorais. Com dinheiro do cidadão. O texto, assinado pela Mesa Diretora, extingue os cargos de assessores de imprensa e assessores parlamentares. Ao mesmo tempo, cria quatro cargos de ensino fundamental e médio, possibilitando a nomeação de até 9 assessores por gabinete. Pra quê? Claro, para fazer campanha.
Não é só isso. Nos bastidores fala-se em outro projeto que pode conceder 50% de reajuste nos vencimentos dos vereadores, mais ticket refeição e 13º salário. São os jabutis incluídos em sessões sem aviso prévio, sem discutir com o cidadão, que é o verdadeiro responsável pelo pagamento das contas.
O Espaço do Ávila apurou que os dois projetos estão prontos. Não será surpresa se não forem colocados no sistema e, na última hora, um vereador pedir a inclusão na pauta, já durante a sessão. Para votação a toque de caixa.
Uma das preocupações é a extinção de cargos que exigem curso superior, no caso os de assessoria de imprensa, ocupados por jornalistas, o que já motivou mobilização do sindicato da categoria e da Associação Riograndense de Imprensa.
Sobre o inchaço nos gabinetes: hoje são cerca de 65 cargos em comissão vinculados aos vereadores e bancadas. Com este projeto articulado poderá chegar a 169. Argumento é que não aumentará a despesa. Mas não calcularam especificamente, por exemplo, os benefícios de cada um, como ticket refeição, por exemplo.
Executivo não vai intervir
O secretário-geral de governo de São Leopoldo, Nelson Spolaor, disse que o Executivo não vai intervir, por respeitar a independência dos poderes. Questionado sobre a informação de que o projeto teria sido elaborado em conjunto com a Prefeitura, rechaçou e disse ter tomado conhecimento do texto pela imprensa.
Entidades emitem nota
Sobre a extinção dos cargos de assessoria de imprensa, as entidades que representam os profissionais de jornalismo no Rio Grande do Sul emitiram nota conjunta:
“O Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, a Federação Nacional dos Jornalistas e a Associação Riograndense de Imprensa receberam com espanto a informação do projeto que extingue os cargos de assessoria de imprensa. Primeiro, pela falta de diálogo com a comunidade e, também, pela possibilidade de votação a toque de caixa. O que os vereadores estão fazendo é uma manobra para o aumento do número de assessores em ano eleitoral. A estratégia usada é preocupante, pois significa que outros jabutis podem ser inseridos na pauta. Estaremos vigilantes.”