Deputado solicitou em plenário na Câmara Federal a realização de audiência pública para discutir impactos do negócio
A venda do Grupo Ipiranga ao consórcio de empresas formado pela Petrobrás, Braskem e Ultra, em negócio que totalizou quase 4 bilhões de dólares, ainda deve ser melhor discutida. A maior negociação entre grupos privados da história do Rio Grande do Sul não está ameaçada, porém seus impactos devem ser debatidos.
Esta ao menos é a proposta do deputado federal Tarcísio Zimmermann (PT) que nesta segunda-feira subiu à tribuna para anunciar o encaminhamento de requerimento para a realização de audiência pública. A idéia é discutir impactos da transação sobre a produção petroquímica brasileira, sobre os empregos e sobre o futuro do Pólo gaúcho.
Tarcísio afirma que o controle acionário do Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul já esteve em pauta, em 2005 e 2006. Naquele momento, a proposição era de que a Petrobrás entregasse à Braskem sua participação majoritária em algumas das empresas do Pólo Petroquímico gaúcho para a ampliação da sua participação na Copesul. A negociação foi rejeitada pelos trabalhadores do Pólo.
O pronunciamento de Tarcísio na Câmara Federal, nesta segunda, questionou o porquê de a Petrobrás ficar com 40% do patrimônio da Ipiranga na Copesul, enquanto a Braskem ficaria com 60%.
Ele também perguntou qual o interesse real da Petrobrás em ser sócia minoritária da Braskem no Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul e por que os postos de combustível da região sul e sudeste ficariam com o grupo Ultra, enquanto a Petrobrás ficaria com postos de regiões menos promissoras.
“Tenho certeza que qualquer companhia do Brasil gostaria de ter com sócia minoritária a poderosa Petrobrás, a oitava maior companhia de petróleo do mundo. Por isso, para a Braskem e para o grupo Ultra este é, com certeza, um grande negócio. A questão é saber se para o povo brasileiro e para os interesses do desenvolvimento nacional este também é o melhor negócio. Para esclarecer estas questões queremos fazer esta audiência pública”, afirmou o deputado.
Discussão também no Senado
Outro que encaminhou o pedido de audiência pública para tratar da venda do Grupo Ipiranga foi o presidente da Subcomissão do Trabalho do Senado, senador Paulo Paim (PT-RS).
O senador encaminhou o pedido após ouvir os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Petroquímicas de Triunfo (Sindipolo), Carlos Eitor Rodrigues, e do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro), José Marcos Olioni.
Protesto em Triunfo
Em torno de cem funcionários do Pólo Petroquímico de Triunfo protestaram na manhã desta segunda-feira na rodovia Tabaí-Canoas. O temor dos trabalhadores é de que a venda da Ipiranga provoque demissões em massa no Pólo.
Em 2006, o grupo Ipiranga faturou cerca de R$ 31 bilhões e tem mais de 3.600 empregados.