Investidores estudam a instalação de uma usina do biocombustível no distrito industrial de Novo Hamburgo
Até o fim do ano, é boa a possibilidade de confirmação de uma usina de biodiesel em Novo Hamburgo. Segundo apurou a reportagem do portal novohamburgo.org, investidores da cidade já apresentaram à Prefeitura Municipal o projeto com a planta da nova indústria.
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A idéia é construir uma usina com a capacidade de gerar 50 mil litros de biodiesel por dia. A área oferecida seria a de 3,5 hectares no futuro distrito industrial de Novo Hamburgo, onde hoje está o Aeroclube, no bairro Canudos.
Os investidores necessitariam de uma área justamente deste tamanho para instalar a usina, mas haveria a possibilidade de expandi-la para seis hectares, como forma de ter no local uma segunda usina, dobrando a capacidade de produção do biodiesel.
O novohamburgo.org apurou ainda que os investidores já teriam dado entrada na Caixa Econômica Federal de um pedido de financiamento no valor de R$ 6 milhões para instalar a usina em Novo Hamburgo. Eles seriam moradores do município, mas a empresa responsável pela instalação dos equipamentos seria de Porto Alegre.
Apesar da instalação da usina, não haveria nenhuma plantação de mamona, girassol ou outra cultura oleaginosa vegetal. Isto porque o biodiesel em Novo Hamburgo seria produzido a partir do óleo de soja, com a reação química entre ele e o álcool.
Uma usina de biodiesel se trata de um investimento de alta tecnologia, onde o processo de fabricação se dá de forma mecânica. Em razão disto, poucos novos empregos seriam gerados com a chegada da indústria a Novo Hamburgo (algo em torno de 25 postos de trabalho).
No entanto, é consenso na administração municipal que a indústria daria um importante retorno para a economia local e encaminharia a cidade para uma diversificação de sua matriz produtiva. Em outras palavras, a independência do calçado.
“Um município como Novo Hamburgo não pode ficar dependendo de um setor único, que emprega tanto, mas que sua falência representaria um caos sócio-econômico”, afirma Valter Broda, diretor de Indústria de Novo Hamburgo.
Segundo Broda, o processo de mudanças na matriz produtiva iniciou há mais tempo, mas não havia a estrutura adequada para torná-lo real. “O nosso trabalho é acelerar este processo e acelerar as ações”, diz.

Glicerina
O assunto biodiesel já teria sido motivo de reuniões na Prefeitura, envolvendo secretários de diversas pastas. Em um destes encontros, surgiu um entrave ambiental para a produção do biodiesel.
Isto porque, com a fabricação do biocombustível, gera-se a glicerina como um sub-produto. Para cada metro cúbico (mil litros) de biodiesel, haveria a geração de 100 toneladas de glicerina. Isto significa que, em Novo Hamburgo, a usina geraria 5 mil litros de glicerina por dia.
No entanto, há mercado para este sub-produto. O glicerol é produzido por via química ou fermentativa e possui uma centena de usos, principalmente na indústria química. A demanda cresce mais nos mercados de uso pessoal e higiene dental, e alimentos, onde o produto tem maior pureza e valor, correspondendo a 64% do total. Em alimentos, a demanda de glicerina e derivados cresce 4% ao ano.
O glicerol é atualmente um dos ingredientes da fabricação de medicamentos, cosméticos, tabaco (torna as fibras do fumo mais resistentes e evitar quebras) e têxteis (amacia e aumenta flexibilidade das fibras). Pode ainda ser empregado como lubrificante de máquinas processadoras de alimentos, fabricação de tintas e resinas, de dinamite, além de ser usado como umectante e para conservar bebidas e alimentos.
O preço médio da glicerina estaria variando hoje entre R$ 1,60 e R$ 1,70, mas já foi de R$ 3,00 há dois anos. Onde há usinas de biodiesel, o valor cai para R$ 0,60 a R$ 0,70 o quilo.