A indústria calçadista do Brasil produz, anualmente, mais de 865 milhões de pares. Já em 2024, a estimativa da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) é de um avanço produtivo entre 0,9% e 2,2%. Essa perspectiva que é ancorada no mercado interno, em contexto de crescimento no qual avança a utilização dos chamados materiais alternativos no desenvolvimento de calçados. São tanto materiais reciclados ou de reuso quanto biomateriais, ou seja, insumos provenientes da natureza e biodegradáveis.
LEIA A EDIÇÃO DO JORNAL O VALE
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que, atualmente, seis em cada dez produtoras de calçados possuem ao menos uma linha de produtos sustentáveis. “Embora ainda exista certa dificuldade na questão de escala, o que muitas vezes torna produtos desenvolvidos com materiais alternativos mais custosos para o consumidor, existe um movimento na sociedade que não pode ser ignorado”, aponta.
Ferreira projeta que neste horizonte estão produtos escaláveis e mais competitivos. Há exemplos de calçados para adultos no modelo “private label” com fibra de coco e bambu, em combinação com PVC, “EVA verde”, produzido a partir da cana-de-açúcar.
A calçados Alme, por exemplo, utiliza materiais biodegradáveis, reciclados e de fontes renováveis, como garrafas pet, cana-de-açúcar e algodão reciclado (reaproveitado da indústria têxtil), adesivo à base d’água e sem solventes, e papel certificado pela Forest Stewardship Council (FSC).
LEIA TAMBÉM: Rodrigo Giacomet: “Direção defensiva não é vergonha, gauchada!”

Matéria prima alternativa em expansão
Além das empresas ouvidas pela Abicalçados, muitas outras utilizam materiais reciclados ou biomateriais nas suas produções. É um movimento crescente no setor e que tem muita relação com a maior conscientização por parte do consumidor.
Em parceria com a BLOOM, empresa de materiais sustentáveis, a Grendene, de Farroupilha, aumentou o conteúdo renovável de produtos com algas de água doce que estavam se proliferando em excesso, causando desequilíbrios ambientais.
Também a Piccadilly, produtora de sapatos femininos com matriz em Igrejinha, criou um modelo de tênis 100% sustentável, fabricado com 3,5 garrafas pet recicladas, palmilha sustentável e sem origem animal, além de 17% de fio recuperado na indústria têxtil.
Já a Calçados Beira Rio, de Novo Hamburgo, que faz o cabedal de seus modelos em poliéster reciclado, além de solado com PVC e casca de arroz entre alguns dos materiais alternativos utilizados pela fabricante da marca Modare Ultraconforto. A Vulcabras oferece modelo de tênis Olympikus feito de pet reciclado e com EVA verde fabricado com cana-de-açúcar.
LEIA TAMBÉM: Sindilojas Vale Germânico anuncia adiamento de palestra com Miguel Falabella