Por Alexandre Volkweis
Para além da indústria, comércio e serviços pujantes, o Vale do Sinos também se destaca pela cultura vibrante, traço marcante da colonização alemã. Com manifestações em diversas áreas – do canto coral ao audiovisual, da música às artes plásticas –, a região mantém uma produção cultural extensa e consolidada, que revela a aptidão natural do seu povo para as artes. O trecho do Hino de Novo Hamburgo “…onde a arte veio morar” pode ser aplicado sem dúvida ao talento artístico da comunidade do Vale.
Um exemplo cabal é o do pintor Flávio Scholles, autor de uma obra extensa e referencial retratando a cultura teuto-brasileira. Nascido em Morro Reuter, Scholles, em sua trajetória profissional, sempre esteve vinculado a suas origens, mantendo, por mais de 18 anos, ateliers no Travessão, em Dois Irmãos, e em São José do Herval. E, ainda assim, suas telas estão pelo mudo afora. “Meu pai sempre foi defensor da máxima de Tolstói: ‘se queres ser universal, fala sobre tua aldeia’. Ele pintou a história dele que, afinal, é a história da colonização germânica. Hoje, mais de dez mil obras dele estão espalhadas pelo mundo”, conta a filha do pintor, Rudaia Scholles, que atuou (e segue atuando) como marchand dos ateliers de Scholles.
Rudaia destaca a importância de o pai ter sido uma espécie de cronista visual dos descendentes de alemães (a quem Scholles se referia sem pudor como ‘colonos’, termo que usava para desmistificar e valorizar os trabalhadores rurais e urbanos e famílias retratados em suas pinturas) para o reconhecimento e identidade cultural dos colonizadores. “Foi uma valorização das nossas raízes. As pessoas, em geral, tinham vergonha de suas origens. Acho que, a partir das obras do meu pai, as pessoas passaram a ter mais orgulho”, observa Rudaia.
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Após seu falecimento em novembro deste ano, aos 74 anos, Scholles deixa não só um legado de valorização da cultura, trabalho e cotidiano dos colonizadores, mas sua arte permanece viva por meio da difusão e comercialização das obras, trabalho que seguirá pelas mãos de Rudaia.
“Ainda não comecei a curadoria do acervo, mas em breve iniciarei o trabalho de catalogação, separando primeiramente quadros que têm importância sentimental para nossa família. São cerca de 4 mil quadros no acervo, além dos desenhos produzidos pelo meu pai; os originais se tornaram uma joia em termos de valorização comercial. Além disso, há a possibilidade também de investirmos em reproduções, o que permitirá levar a magia da arte dele para mais pessoas, com preços mais acessíveis”, calcula.
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