Com mais de R$ 1,5 bilhão em investimentos privados, São Chico de Paula, na Serra Gaúcha se destaca por ações culturais, turismo rural, festivais e planejamento estratégico, servindo de inspiração para o Vale do Sinos e outras regiões do Estado.
Enquanto muitos municípios enfrentam desafios para consolidar o turismo como motor de desenvolvimento, São Francisco de Paula — carinhosamente chamada de São Chico — vem se destacando como um exemplo inspirador. Situada na Serra Gaúcha, a cidade ultrapassou a marca de R$ 1,5 bilhão em investimentos privados no setor turístico, resultado de uma gestão integrada, valorização cultural e crescimento orgânico.
Em entrevista ao programa Estação Hamburgo, transmitido pela Vale TV, o secretário de Turismo de São Francisco de Paula, Rafael Castello Costa, e o consultor em Turismo Deivid Schu compartilharam experiências e reflexões sobre o papel do turismo no desenvolvimento econômico, cultural e social da região, em um diálogo que conectou diretamente o Vale do Sinos à Serra Gaúcha.
Crescimento com propósito e autenticidade
Segundo Castello Costa, o sucesso de São Chico não é fruto de sorte, mas de uma estratégia consistente. “Mostramos para a cidade que cada real investido em turismo retorna de 10 a 20 reais. Quando a comunidade entende isso, tudo muda. São Francisco entendeu o propósito”, destaca. O modelo adotado envolve universidades, planejamento estratégico como o projeto São Chico 2050, ações de inventariação do turismo rural em parceria com a PUC-RS e integração com outras cidades da região serrana.
O segredo? Crescimento sem pressa, com foco em experiências autênticas, sem descaracterizar a identidade local. Eventos como o Festival Ronco do Bugio, o Festival Gastronômico da Batata, a Festa do Pinhão e o maior festival de Beatles do Brasil são alguns exemplos de atrações que movimentam milhares de pessoas, mas sem abrir mão da essência.
Turismo como vetor de transformação social
Durante o programa, Deivid Schu ressaltou a importância da transversalidade do turismo, que conecta indústria criativa, agropecuária, comércio, educação e tecnologia. “Turismo é ciência, e não só lazer. Está diretamente ligado à produção de queijo serrano, ao artesanato, à agricultura familiar. É comércio, é serviço, é agro, é cultura. E, acima de tudo, é geração de felicidade”, disse.
Essa visão ampliada do setor também é refletida no cuidado com o calendário anual de eventos, construído com antecedência e profissionalismo. “Já estamos finalizando o calendário de 2026, com eventos que valorizam tanto os moradores quanto os visitantes”, reforça o secretário.
Conexões com o Vale do Sinos
Questionado sobre as possibilidades de integração entre a Serra Gaúcha e o Vale do Sinos, Schu foi categórico: “Somos historicamente emissores de turismo para a serra. Mas podemos ir além: criar projetos conjuntos, estimular o turismo de negócios em Novo Hamburgo, São Leopoldo e Sapiranga, e ampliar os modelos de ‘blazer’ — a mistura entre lazer e negócios”.
Essa relação se fortalece com a expansão de eventos empresariais no Vale do Sinos, como o Sapiranga Summit, o Feevale Summit e outras convenções que vêm atraindo públicos de diversas regiões. Além disso, a ampliação da ocupação hoteleira e a valorização de atrativos culturais locais mostram que o Vale também tem potencial turístico relevante.
Turismo internacional e planejamento de longo prazo
Outro ponto de destaque na entrevista foi o olhar para o turismo internacional. Segundo os convidados, o foco deve estar em países da América Latina, como Uruguai, Argentina e Chile, cujos turistas já têm identificado em São Chico um destino autêntico, acessível e encantador.
Com dados do Observatório de Turismo do RS e da Embratur apontando São Francisco de Paula como uma das cidades que mais cresceu em fluxo turístico, a cidade agora mira estratégias para atrair visitantes estrangeiros, mantendo a simplicidade e autenticidade que a tornaram referência.
LEIA TAMBÉM: Cinco cidades da serra gaúcha se unem em projeto turístico
Um convite à experiência
Com mais de 30 novos empreendimentos gastronômicos, dezenas de pousadas e hotéis, parques naturais, monumentos, roteiros culturais e um povo acolhedor, São Chico se mostra um destino completo e inspirador. “A cidade é para todos os bolsos e todos os públicos. E tudo isso com o cuidado de não perder o brilho no olhar”, sintetiza Castello Costa.
A mensagem deixada pelos entrevistados ao final do programa é clara: cultura e turismo não são apenas ferramentas econômicas, mas pilares da formação cidadã, do bem-estar coletivo e da construção de um futuro mais humano e sustentável.
Debate realizado no dia 11/07/2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.