É impossível falar sobre água e não falar de saneamento básico. Fundada em 1991, mas com início das operações somente em 1998, a Companhia Municipal de Saneamento de Novo Hamburgo (Comusa) tem a missão de garantir água potável aos cerca de 227 mil habitantes da cidade.
Conversamos com o diretor-geral da companhia, Márcio Lüders dos Santos, que comanda a Comusa desde 2018. Entre os assuntos, os desafios dessa jornada de abastecimento e tratamento de esgoto. Confira:
Como é o desafio de ser o gestor de uma companhia que abastece uma das cidades mais importantes do RS?
Márcio Lüders – A Comusa é uma conquista dos hamburguenses. Foi uma luta intensa que nossa comunidade enfrentou para garantir um abastecimento de qualidade e precisamos mostrar a importância de ter essa autarquia. Por isso, tratamos de melhorar e expandir a gestão com qualidade, ampliando os investimentos, enxugando gastos e impulsionando a Comusa para o futuro, com um foco em sustentabilidade.
Imagino que a experiência de lidar cotidianamente com temas ligados ao meio ambiente seja um aprendizado de vida muito importante. Como você avalia esse aspecto do trabalho?
Lüders – Ao longo desses anos, aprendemos muito sobre a importância do saneamento no nosso dia a dia. Conhecer a dificuldade do trabalho de tratar água e esgoto em um município abre nossos olhos para tudo que é feito e o pouco que é visto. Isso afeta nossa vida diretamente. Para cada 1 real investido em saneamento, poupamos 8 reais em saúde. E o poder público precisa ter esse olhar. Muita gente fala que enterrar canos não dá votos, mas a melhora na vida da população é o resultado desse trabalho.
Como funciona o processo de tratamento da água realizado pela Comusa?
Lüders – O processo de tratamento de água envolve a captação da água bruta do Rio do Sinos, seguida pela remoção de impurezas através da coagulação/floculação e decantação. Depois, a água passa por filtros para clarificação, recebe desinfecção com cloro e fluoretação para redução de cáries. Por fim, é armazenada em reservatórios e distribuída para a população de Novo Hamburgo, garantindo sua potabilidade.
Quantas pessoas recebem água tratada pela Comusa em casa? São quantos domicílios atendidos?
Lüders – Hoje, a Comusa produz em média 1,7 bilhão de litros de água tratada por mês para abastecer 89.530 economias ativas, atendendo o município de Novo Hamburgo, que tem uma população estimada em 227.732 habitantes. Após 22 anos de operação, a Comusa fornece água potável a 98% da área urbana do Município.
- Leia também: Novo Hamburgo e São Leopoldo são destaques no Caged; veja números da criação de empregos no Vale
Quando a gente fala em água, a gente sempre pensa em um recurso escasso. Qual o maior desafio no abastecimento de uma cidade como Novo Hamburgo?
Lüders – O maior desafio de Novo Hamburgo é o tratamento de água e a manutenção dos mais de 900 quilômetros de redes de água que temos no Município. O Rio dos Sinos é hoje um dos 5 rios mais poluídos do Brasil com classe de poluição do nível do Tietê. Como temos muitas indústrias próximas a Novo Hamburgo, a quantidade de sujeira que captamos é muito acima da média. Apesar disso, conseguimos transformar essa água em água potável, com monitoramento 24 horas nos nossos laboratórios, atendendo a todos os padrões rígidos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Quanto custa o tratamento da água?
Lüders – O custo de tratamento varia sazonalmente e tem dependência direta com a qualidade do manancial, que em tempo de escassez hídrica (estiagem) ou épocas de excesso de chuvas, apresenta alterações nos seus parâmetros que requerem maiores quantidades de determinados produtos, que impactam no custo de tratamento.
Há previsão de melhorias e investimentos na rede de abastecimento e tratamento de esgoto?
Lüders – A Comusa tem investido constantemente, desde 2018, na substituição de redes de abastecimento. Além disso, apresentou um projeto no PAC 2 para captar recursos federais e concluir a ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA), passando de 750 litros por segundo de água tratada para 900 litros por segundo. Ainda seguimos no aguardo da seleção do projeto. No tratamento de esgoto, a Comusa deu início à construção da Estação de tratamento de esgoto (ETE) Luiz Rau, que será responsável por tratar 50% de todo o esgoto do Município. A obra, de R$ 70 milhões, é a maior de saneamento em toda a América Latina. A autarquia ainda apresentou no PAC 2 o projeto da ETE Arroio Pampa, um projeto de quase R$ 400 milhões que poderá elevar o tratamento de esgoto até 90%, quando concluído.
*Por Larissa Brito.