Por DuduNews e Marlon Nóbrega
O acidente que causou a morte de um homem, enquanto manejava um barril de chope em sua festa de aniversário, foi causado por uma deficiência de manutenção da válvula que regula a passagem do gás até o barril. A conclusão é da Divisão de Engenharia Legal do Departamento de Criminalística do IGP. Para chegar ao resultado, os peritos realizaram inúmeros testes, em empresas privadas e Universidades, com o objetivo de entender a dinâmica dos fatos.
A morte de Gilson do Nascimento aconteceu em 17 de setembro de 2021, em Campo Bom, no Vale dos Sinos. A vítima estava manipulando a válvula extratora do barril quando este explodiu, rompendo o fundo e projetando o corpo dois metros adiante. A perícia iniciou dias depois no local onde o equipamento havia sido instalado, na casa da vítima. A observação dos vestígios de dispersão de chope no teto e das marcas deixadas pelo arraste no chão permitiram concluir que o barril estava posicionado no gazebo, distante 15 metros do quiosque onde foi instalado inicialmente pela empresa fornecedora da bebida.
Os peritos também visitaram a empresa que comercializou o barril, de 30 litros, fabricado em aço inoxidável. Nela, encontraram barris com uma espécie de entalhe no fundo, que funcionaria como uma válvula de alívio, o que não existia no barril periciado. O barril também foi testado no Lamef – Laboratório de Metalurgia Física da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Amostras das paredes e soldas da estrutura foram recortadas e examinadas em um microscópio eletrônico. Esse exame permitiu concluir que o barril rompeu ao atingir a pressão de projeto – ou seja, a pressão que o fabricante considera como limite para segurança- , que é de 48 bar (medida de pressão de fluidos). Aparelhos de ultrassom da empresa MKS Inspeções Não Destrutivas foram usados para medir a espessura das chapas de aço do barril e verificar se havia trincas, sem indicar alterações.
INDICIAMENTO
O proprietário da empresa que comercializou o barril de chope que explodiu e matou o empresário, foi indiciado por homicídio culposo em inquérito remetido à Justiça no dia 25 deste mês. A conclusão do inquérito policial foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 30, durante coletiva de imprensa que ocorreu em Porto Alegre, na sede do Instituto Geral de Perícias (IGP), ocasião em que também foram divulgados os resultados do laudo pericial sobre a morte de Gilson.
Diante desse contexto e com base nos laudos apresentados pelo IGP, o Delegado Clóvis Nei da Silva, titular da Delegacia de Polícia de Campo Bom e responsável pela investigação do caso, entendeu haver negligência na manutenção da válvula reguladora de pressão: “Assim, entendeu-se que a negligência de manutenção especializada na válvula reguladora de pressão constitua na principal causa para o evento que resultou na morte de Gilson do Nascimento, sendo obrigação do proprietário da empresa prestadora de serviço”, comentou o Delegado.