Programa reuniu Adão Celir Motta, Carlos Moser e don Arabi Rodrigues em uma noite marcada por memória à tradição gaúcha, homenagens e reflexões sobre o papel do tradicionalismo no Vale do Sinos.
Novo Hamburgo – O Estação Hamburgo, transmitido pela Vale TV na noite de 19 de setembro de 2025, dedicou sua edição ao 20 de Setembro, data magna dos gaúchos que relembra a Revolução Farroupilha. Apresentado por Rodrigo Steffen, o programa foi palco de um encontro histórico com três grandes nomes do tradicionalismo: Adão Celir Motta, ex-coordenador da 30ª Região Tradicionalista e ex-patrão do CTG Porteira Velha; Carlos Moser, atual coordenador da 30ª RT; e don Arabi Rodrigues, poeta, pajador, escritor e referência cultural no Rio Grande do Sul.
Exibido na véspera das comemorações oficiais, o debate reuniu histórias de vida, memórias da campanha, homenagens especiais e anúncios de programações nos municípios do Vale do Sinos. O programa mobilizou a audiência da região e de várias partes do Estado, pela TV, portal e redes sociais.
Adão Celir Motta: Patrono Regional dos Festejos Farroupilha
Figura histórica do tradicionalismo hamburguense, Adão Celir Motta foi homenageado como Patrono Regional dos Festejos Farroupilha de 2025. A escolha unânime das 31 entidades da 30ª Região Tradicionalista reconhece sua trajetória como patrão do CTG Porteira Velha, conselheiro do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) e liderança que dedicou a vida ao fortalecimento da cultura gaúcha.
Motta relembrou sua infância em Montenegro, quando ainda criança já cavalgava e participava de atividades campeiras. Também recordou sua trajetória na Brigada Militar e o envolvimento em rodeios e CTGs desde os anos 1970. “Ser Patrono é uma honra que não busquei, mas recebo com gratidão. É resultado de uma vida dedicada ao tradicionalismo, construída com amizades, convivência e respeito às nossas raízes”, destacou.
Emocionado, ressaltou que o movimento tradicionalista é feito de famílias e que seu maior orgulho é ter influenciado gerações a se engajarem na cultura. “É um privilégio fazer parte dessa história e contribuir para que o Rio Grande mantenha viva sua chama crioula”, afirmou.
Carlos Moser: coordenação e conquistas da 30ª Região
Atual coordenador da 30ª Região Tradicionalista, Carlos Moser trouxe ao programa um panorama das conquistas recentes do movimento no Vale do Sinos. Ele destacou o título inédito obtido pela seleção regional na modalidade Laço Seleção, na Festa Campeira do Estado em 2025 – feito que ganha ainda mais relevância por ter sido alcançado em uma região majoritariamente urbana.
Moser também anunciou as celebrações do 20 de Setembro em cidades como Sapiranga, Estância Velha e Novo Hamburgo. Na capital do calçado, pela primeira vez em anos será realizado um desfile farroupilha a cavalo, com saída do CTG Terra Nativa e chegada ao CTG Essência da Tradição. “É o presente dos CTGs à cidade, mesmo em meio às dificuldades. Queremos valorizar o cavalo e o gaúcho, símbolos inseparáveis da nossa cultura”, disse.
Ao longo da conversa, Moser ressaltou o papel dos CTGs como espaços de formação comunitária, onde famílias inteiras convivem, participam de invernadas e fortalecem laços. “O tradicionalismo é uma filosofia de vida, feita de valores, amizade e respeito. Nosso desafio é manter viva essa chama e preparar novas gerações para assumir esse legado”, completou.
Don Arabi Rodrigues: poesia, memória e legado
Poeta, pajador e escritor, don Arabi Rodrigues emocionou a audiência ao compartilhar sua trajetória como tradicionalista desde a infância em Canguçu. Ele lembrou das primeiras rimas ainda na escola, incentivado pelo pai, e da consagração como “don Arabi”, nome que recebeu em 1976, durante a Vacaria, de seu padrinho artístico Jaime Caetano Braun.
Com mais de dez anos no comando do programa Pé no Chão, exibido pela Vale TV, Arabi reforçou a importância de preservar a história oral e escrita do povo gaúcho. Citou pesquisas realizadas com folcloristas e professores, lembrou de figuras como Paixão Côrtes e exaltou o legado de escritores como Simões Lopes Neto, considerado pela ONU o pintor da alma do gaúcho.
Arabi encerrou sua participação com uma pajada especial em homenagem aos 78 anos da Chama Crioula, criada por Paixão Côrtes em 1947. Seus versos reforçaram a ligação espiritual e cultural entre gerações, arrancando aplausos e mensagens de reconhecimento de internautas.
Um diálogo entre gerações e culturas
O programa também destacou como o tradicionalismo convive com outras identidades presentes no Vale do Sinos, especialmente a cultura germânica. Moser contou que sua família, de origem alemã, encontrou no CTG e na tradição gaúcha um espaço natural de convivência e integração. Arabi e Motta reforçaram que a força do movimento está justamente na diversidade de famílias que, independentemente de origem, se unem em torno de valores comuns como respeito, amizade e amor à terra.
As lembranças compartilhadas mostraram que o tradicionalismo é, ao mesmo tempo, memória e reinvenção: mantém raízes profundas, mas se adapta às novas gerações e aos desafios contemporâneos.
Celebrações do 20 de Setembro no Vale do Sinos
Além das homenagens e memórias, o programa apresentou a agenda de desfiles farroupilhas e atividades em vários municípios da região:
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Sapiranga: maior acampamento da 30ª RT, com 88 piquetes e quatro entidades tradicionalistas organizando desfile, shows e atividades culturais;
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Estância Velha: desfiles e apresentações no entorno da Praça 1º de Maio;
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Novo Hamburgo: desfile a cavalo organizado pelos CTGs locais, com apoio da Prefeitura e da Guarda Municipal, valorizando a tradição gaúcha em meio ao contexto urbano.
As comemorações se somam às programações em São Leopoldo, Campo Bom e Santa Maria do Herval, reforçando o caráter regional da data.
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Tradição gaúcha como identidade coletiva
O Estação Hamburgo mostrou que o 20 de Setembro vai além da lembrança de uma guerra. É a celebração de uma identidade construída a partir de valores que unem o povo gaúcho – hospitalidade, coragem, respeito e solidariedade. Esta é a tradição gaúcha.
Com depoimentos que misturam emoção, humor e sabedoria, Motta, Moser e don Arabi reforçaram que oa tradição gaúcha – e o tradicionalismo como um todo – é uma herança viva, transmitida de geração em geração. “Não somos melhores que ninguém, mas somos diferentes. E é essa diferença que faz o mundo respeitar o gaúcho”, resumiu Motta.
Debate sobre a tradição gaúcha realizado no dia 19 de setembro de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.