Pesquisa do IBGE revela que mesmo buscando situação de igualdade no mercado de trabalho, em casa o serviço ainda é delas
Uma pesquisa divulgada ontem, dia 17, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que mesmo a mulher tendo expandido sua participação no mercado de trabalho, o papel que elas desempenham em casa não mudou.
Dados do IBGE mostram que na faixa etária onde as mulheres atuam mais intensamente no trabalho é a mesma onde mais se dedicam às atividades domésticas. O levantamento foi realizado com base nas informações sobre atividades domésticas contidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) referentes aos anos de 2001 e 2005.
Os índices indicam que, na comparação com os homens, as mulheres continuam sendo as líderes quando o assunto é trabalho em casa. Confira alguns números:
•Nove em cada dez mulheres com idades de 25 a 49 anos se ocupam com o trabalho em casa;
•De cada dez brasileiros com mais de dez anos de idade que desenvolvem algum tipo de tarefa doméstica, quase sete são pessoas do sexo feminino.
•De cada dez brasileiras, nove estão envolvidas nessas tarefas, enquanto entre os homens a proporção é bem menor: cinco em cada dez.
A responsável pelo levantamento, a técnica do IBGE, Cristiane Soares, diz que a manutenção desse comportamento ao longo dos anos pode ser explicado, em grande parte, pela construção das estruturas familiares. Desde a infância, as atividades domésticas são vistas como femininas e a participação dos meninos nessa área ainda é pequena.
Como indica a pesquisa, em 2005, cerca de 83% das meninas de 10 a 17 anos realizavam afazeres domésticos, já entre os meninos da mesma faixa etária o número caí pra 47,4%. Elas também gastavam mais horas nessas atividades: 14,3 horas semanais. Já os meninos dedicavam 8,2 horas por semana a este tipo de trabalho.
“Trata-se de uma construção social que começa desde cedo, quando as meninas são orientadas desde novas para o exercício do trabalho doméstico. É comum a justificativa de que isso acontece porque, em geral, os meninos saem mais cedo para trabalhar, mas quando observamos uma realidade em que ambos trabalham, ainda assim elas trabalham mais em casa do que eles “, afirmou Cristiane.
A técnica do IBGE ainda revela que, não há distinção entre os meninos e meninas de 10 a 17 anos no que diz respeito a horas trabalhadas no mercado, mas em casa são elas que trabalham mais. Em seus empregos, eles gastam em média 27,8 horas semanais enquanto elas, 26,1. Já em casa, elas se dedicam praticamente o dobro de tempo utilizado por eles.
Fonte: Agência Brasil