OUÇA A DISCUSSÃO! Roberto Requião (PMDB) se irritou ao não conseguir justificar sua aposentadoria de ex-governador.
Da Redação [email protected] (Siga no Twitter)
Durante a ditadura militar – e lá se vão mais de 25 anos do seu fim – o jornalismo era censurado. Só aparecia o que o governo queria. O resto, era descartado.
Sem argumento para justificar o fato de receber aposentadoria como ex-governador do Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB) decidiu lembrar da época em que democracia não se fazia no Brasil. Optou por tentar impedir a divulgação da informação.
Baixe aqui o áudio da entrevista! /
Requião arrancou o gravador das mãos de um repórter da Rádio Bandeirante que o entrevistava sobre a crise financeira de seu Estado e a mordomia questionada na Justiça. E mais: ameaçou agredi-lo. “Já pensou em apanhar, rapaz?”, disse o parlamentar. O trecho da gravação foi publicado na noite de segunda-feira, dia 25, pelo próprio Requião em seu site.
No decorrer da entrevista, realizada no plenário do Senado, o senador puxou o gravador sem dar tempo ao repórter de reagir. Fora do plenário, tentou apagar a gravação. Como não conseguiu, já no seu gabinete, decidiu se apossar do cartão de memória devolvendo o aparelho incompleto. No Twitter, mostrou mais destempero ao escrever: “Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deletá-lo”.
Polícia legislativa se nega
a registrar ocorrência
Acionada pelo repórter, a polícia legislativa alegou não ter competência para tratar do caso que deveria ser encaminhado à Corregedoria da Casa. Só que o cargo de corregedor está vago.
O secretário de Comunicação do Senado, jornalista Fernando César Mesquita, ligou para Requião pedindo que ele devolvesse o cartão de memória do gravador. Ele se recusou a atendê-lo. Sem alternativa, restou ao comitê de imprensa do Senado entrar com representação contra o senador na Mesa Diretora. “Só na ditadura é que eu presenciei fato tão ridículo como este”, lamentou o presidente do comitê, jornalista Fábio Marçal.
Devolução
Na noite de segunda-feira, ligaram do gabinete de Requião avisando que iriam devolver o chip. Mas quem apareceu na porta foi seu filho, Maurício, dizendo que o pai tinha deixado a Casa e que não iria atender aos repórteres.
Esta não é a primeira vez que o senador tem problemas com perguntas de jornalistas. Durante sua administração como governador do Paraná, ele fez campanha publicitária contra veículos de imprensa, xingou jornalistas e chegou a agredir um repórter em uma viagem a Centenário do Sul, no interior do Estado. Foi em 2004. Requião torceu o dedo de um jornalista que insistiu em uma pergunta e só parou diante do protesto de outros repórteres presentes.
COMPORTAMENTO – As brigas do ex-governador não se restringem à imprensa. Durante a campanha eleitoral, em 2010, ele e o agora deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) trocaram agressões em Campo Mourão, também no interior do Paraná. Requião o provocou dizendo que, quando era governador, muita gente vinha recebê-lo e que agora só tinha “gentinha” no aeroporto.
Bueno, que esperava Beto Richa (PSDB-PR), partiu para cima de Requião, e os dois trocaram socos e empurrões. Também no ano passado, o ex-governador do Paraná se envolveu em uma briga em Pontal do Paraná, no litoral, com o então diretor comercial do porto de Paranaguá, João Batista Lopes dos Santos. Na ocasião, levou dois tapas do diretor depois de fazer xingamentos a Orlando Pessuti (PMDB), seu sucessor no governo.
Informações de Agência Estado
FOTO: divulgação