Dívida herdada, necessidade de responsabilidade fiscal e busca por novas receitas marcam gestão da Fazenda leopoldense sob liderança de Calazans.
A situação financeira da Prefeitura de São Leopoldo foi tema de uma análise detalhada concedida pelo secretário municipal da Fazenda, Roberto Calazans, em entrevista ao programa Conversa de Peso com Rodrigo Steffen, na Vale TV. Economista com trajetória sólida no serviço público estadual e municipal, Calazans relatou os desafios encontrados ao assumir a pasta e apresentou as medidas em andamento para reorganizar as contas do município, em um cenário que envolve dívidas expressivas, limitações de receita e necessidade urgente de responsabilidade fiscal.
Dívida de meio bilhão e orçamento comprometido
Segundo Calazans, o início da gestão revelou um passivo de cerca de R$ 500 milhões deixado pela administração anterior, sendo R$ 250 milhões em curto prazo e outros R$ 250 milhões em parcelamentos de médio e longo prazo. Apenas em janeiro, a Prefeitura precisou destinar R$ 25 milhões para quitar valores atrasados do Instituto de Previdência Municipal, o que reduziu drasticamente a margem de manobra para investimentos e compromissos imediatos.
“Do orçamento projetado para o início do ano, sobraram menos de R$ 3 milhões em caixa. Tivemos que negociar com fornecedores e prestadores de serviços para manter a máquina pública funcionando”, destacou o secretário.
Diálogo com servidores e alternativas de receita
Entre as medidas adotadas pela atual gestão, Calazans ressaltou a opção pelo diálogo com servidores e sindicatos. No dissídio de 2025, por exemplo, foi firmado um acordo para parcelar os reajustes salariais, garantindo o pagamento sem agravar ainda mais o déficit.
Na arrecadação, os resultados surpreenderam: o Refis Municipal arrecadou R$ 17 milhões – quase três vezes mais que o esperado – sendo R$ 10 milhões pagos à vista. Além disso, a secretaria lançou o programa Acordo de Leopoldense, voltado à regularização de débitos tributários, e prepara a implantação de inteligência fiscal para aumentar a cobrança de ISS, especialmente de bancos, cuja arrecadação estava represada há mais de cinco anos.
Revisão de contratos e busca por apoio federal
Outro ponto destacado por Calazans foi a revisão de contratos de crédito considerados abusivos. Ele citou o caso do Barco Escola, financiado a juros de quase 2% ao mês. “É uma taxa que nenhuma prefeitura deveria pagar. Estamos renegociando operações e buscando aval da União para acessar contratos mais vantajosos junto a bancos oficiais”, explicou.
O secretário reforçou que a adesão a programas federais pode garantir condições melhores para futuros financiamentos e aliviar a pressão sobre o orçamento local.
Impacto social e risco de perda de empregos
Além da questão fiscal, Calazans demonstrou preocupação com a possível saída parcial da Taurus de São Leopoldo, que poderia transferir parte da produção para os Estados Unidos em razão de entraves comerciais. A medida ameaça empregos e receitas no município.
“Fiscalmente, a Prefeitura não teria como resolver essa questão sozinha. Estamos atentos, mas é preciso que governo estadual e federal busquem soluções, especialmente com a liberação de créditos tributários à empresa”, afirmou.
Responsabilidade fiscal como norte
Com experiência acumulada em cargos na Secretaria da Fazenda do Estado e na Prefeitura de Porto Alegre, Calazans reforçou sua defesa de um modelo de gestão pública pautado pela responsabilidade fiscal. Para ele, a adoção desse princípio é condição essencial para que municípios como São Leopoldo possam cumprir suas funções sociais e retomar a capacidade de investimento.
“O que buscamos é simples: equalizar receita e despesa, com transparência e diálogo. Não é um caminho fácil, mas é o único sustentável”, concluiu.
Clique na imagem abaixo para assistir à entrevista no Conversa de Peso com Roberto Calazans, no canal da Vale TV no YouTube:
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Entrevista para o programa Conversa de Peso, com Rodrigo Steffen.

