A observação aguçada de como o segmento vem se transformando e a percepção de que sua localização estratégica em uma rota de potencial turístico é um grande diferencial estão na essência da reinvenção de uma das empresas mais tradicionais da região. Levando em conta esses dois aspectos, além de fatores como a necessidade de investimentos em inovação e tecnologia, o Posto Sapatão virou Estação Sapatão – e não parou mais de crescer, tanto em número de clientes quanto em faturamento.
Não se tratou de uma simples troca de assinatura. A escolha do novo nome, aliás, consumiu mais de um ano de estudos. Com sinalizações claras do que se desejava, a marca surgiu para reforçar o conceito de que o Sapatão, localizado na BR-116, em Novo Hamburgo, é hoje um complexo de serviços focado em atender pelo menos três perfis de público: usuários locais ou em deslocamento para compromissos de trabalho, os caminhoneiros que historicamente sempre utilizaram a estrutura e, especialmente, os turistas que estão em trânsito pela região a caminho de um destino dos Plátanos ou das Hortênsias.
Membro da segunda geração da família proprietária, o CEO Samuel Führ é quem lidera o rebranding da marca. ‘‘Estação é um lugar de parada entre uma origem e um destino ou um ponto de partida e é assim que o Sapatão se posiciona hoje ao focar especialmente naquelas pessoas a caminho de pontos turísticos e que naturalmente precisam parar em um lugar agradável para descansar, comer algo e inclusive abastecer o carro’’, destaca.
O ‘‘inclusive abastecer o carro’’ não está perdido no fim da frase por descuido. Mensalmente, são vendidos mais de um milhão de litros de combustível e isso significa parte muito expressiva da receita. Mas durante o processo de reposicionamento da marca, ficou claro que um volume grande de clientes só pararia para abastecer se o local se transformasse em algo moderno e atrativo, com uma loja de conveniências top e outros serviços. Vem dando certo, tanto que as estratégias, ao mapear a concorrência, não focam em outros postos e sim em centros comerciais igualmente instalados na 116. ‘‘São com esses estabelecimentos que disputamos público’’, conta Samuel, orgulhoso dos resultados.
Nos últimos anos, foram pelo menos R$ 4 milhões em investimentos. A loja, por exemplo, foi totalmente repaginada em 2020. Ficou maior, mais agradável e com uma variedade grande de comidas e bebidas, além de itens que vão de livros a vinhos. O piso do complexo foi refeito. E há muito mais, como a criação de áreas específicas para caminhões, algo fundamental para que tanto caminhoneiros quanto os demais públicos sejam atendidos com conforto.
Há 33 anos nas mãos dos Führ, o Sapatão era um desejo antigo da família. O avô de Samuel ainda na década de 60 se interessou pela área. Outro empreendedor acabou abrindo o posto no começo dos anos 70. Em 1990, os pais, Sérgio e Ivana Führ, adquiriram a operação, hoje liderada pelo filho. Que tem planos realmente ousados. A meta é atender pelo menos 15 milhões de pessoas até 2030.