Parceria entre poder público, forças de segurança, empresários e sociedade civil transforma a cidade em referência estadual em segurança integrada, com destaque para a prevenção qualificada e ações de combate à violência contra a mulher.
Em um cenário de cooperação rara no país, São Leopoldo comemora resultados expressivos na segurança pública. Dados apresentados no dia 8 de agosto, em debate realizado na sede da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (Acist-SL), mostram redução de 91% nos crimes violentos letais intencionais nos últimos nove anos e avanços no combate à violência doméstica. A estratégia une Brigada Militar, Polícia Civil, Bombeiros Militar, Polícia Penal, Instituto Geral de Perícias, empresários, poder público e sociedade civil, consolidando a cidade como um case estadual de segurança integrada.
Cooperação que dá resultado
O encontro reuniu o presidente da Acist, Daniel Klafke; o comandante do 25º BPM, tenente-coronel Luciano Ferreira Porto; a delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), Michele Arigone; e o presidente do Consepro, Rogério Daniel da Silva.
O modelo local se apoia em três pilares: integração entre as forças de segurança, engajamento do setor empresarial e participação ativa da comunidade. Programas como o “São Léo Mais Seguro” e o Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg) garantiram investimentos de mais de R$ 8 milhões desde 2019, viabilizando 35 viaturas semiblindadas, armamentos, embarcações e outros equipamentos essenciais.
Números que impressionam
O comandante Porto destacou que, nos primeiros 30 dias à frente do batalhão, foram realizadas 30.464 abordagens — um aumento de 478% em relação ao mês anterior —, resultando na apreensão de 17 armas de fogo (crescimento de 1.600%) e 170 prisões. “O crime anda sobre rodas. Ao intensificar abordagens e fiscalizações, atacamos a mobilidade do criminoso e reduzimos a oportunidade para o delito”, explicou.
A estratégia é baseada na “prevenção qualificada”: presença ostensiva em horários e locais estratégicos, saturação de áreas sensíveis e cooperação com demais órgãos de segurança.
Violência contra a mulher: desafio e prioridade
Apesar dos indicadores positivos, a violência doméstica ainda preocupa. Até julho, o Rio Grande do Sul registrou 45 feminicídios, mas São Leopoldo manteve índice zero no período, contra quatro casos no ano anterior. Foram registradas 174 solicitações de medidas protetivas, reforçando o trabalho preventivo.
A delegada Michele Arigone lembrou que apenas 9% das vítimas de feminicídio no estado tinham medidas protetivas. “Elas funcionam. Protegem vidas, pois mobilizam toda a rede de segurança — Polícia Civil, Brigada Militar, Guarda Municipal, Judiciário, Ministério Público e serviços de apoio psicológico”, afirmou.
A DEAM também atua para conscientizar sobre os cinco tipos de violência: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. “Muitas mulheres não sabem que são vítimas até entenderem essas definições”, completou.
Boletim Socioeconômico: informação como aliada
A Acist mantém, desde 2018, boletins trimestrais sobre economia, segurança, saúde e educação, elaborados em parceria com a Unisinos. O boletim de segurança funciona como termômetro e ferramenta de divulgação dos avanços, combatendo percepções negativas que possam prejudicar investimentos ou a circulação de pessoas. “Segurança é vetor de desenvolvimento econômico. Quando os índices são positivos, atraímos negócios e fortalecemos a economia local”, destacou Daniel Klafke.
Segurança integrada e desenvolvimento de mãos dadas
Casos recentes reforçam a importância do tema para a atração de investimentos. O comandante Porto citou a escolha da Barra do Ribeiro para receber uma planta da CMPC Celulose e de Eldorado do Sul para abrigar um data center — ambos motivados, entre outros fatores, pelos índices de segurança. “Não há desenvolvimento sustentável sem segurança pública sólida”, afirmou.
Próximos passos
Seguindo a ideia da segurança integrada e as reuniões sistemáticas entre a sociedade organizada, os órgãos de segurança e o poder público, a meta agora é potencializar programas educativos como o Proerd e ampliar a prevenção. Entre os desafios imediatos estão a reforma do auditório da Brigada Militar e a modernização da sede do batalhão, com investimento estimado em R$ 850 mil. Outra pauta é destinar ao município a contrapartida de 10% dos projetos financiados via ICMS, fortalecendo ações locais.
“Cada empresário e cada cidadão têm a segurança que ajudam a construir. Seja com recursos ou tempo, todos podem contribuir”, reforçou Rogério da Silva.
Desejo para 2025: feminicídio zero
O objetivo, segundo a delegada Michele, é consolidar um cenário sem feminicídios consumados na cidade. “Temos uma rede de proteção eficiente e precisamos que as mulheres saibam que podem pedir ajuda. Prevenção e acolhimento salvam vidas”, concluiu.
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Debate realizado no dia 8 de agosto de 2025 no programa Estação São Léo, apresentado por Rodrigo Steffen.