Por Alexandre Volkweis
Ainda que São Leopoldo tenha sido fortemente atingida pela enchente de maio deste ano, a administração municipal não mediu esforços para manter o mais tradicional evento da cidade. Com o tema “Bicentenário: Superamos desafios rumo ao futuro”, a São Leopoldo Fest 2024, que se inicia nesta sexta-feira, dia 1º, e se estende até o dia 10 de novembro, será marcada pelo espírito de superação e retomada após a tragédia ambiental que impactou o município.
Por conta da recuperação da cidade, a festa teve de ser adiada (de julho para novembro) e o período de atividades, encurtado. Mesmo assim, os organizadores estimam que o evento seja representativo no ano do bicentenário de São Leopoldo e da imigração alemã no Estado.
“Se [a festa] fosse em julho, teria 17 dias, seria a maior festa da história, tanto em atrações como em movimento de público. Mas será uma festa bastante linda e importante para a comunidade como um todo, pois viabiliza emprego e renda para várias famílias, em especial da economia solidária, e para as entidades sociais, ansiosas para a chegada da festa, pois o evento é uma maneira de arrecadar recursos e de reconstrução”, comenta a chefe-de-gabinete da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Internacionais (Secult), Luciane de Souza. Segundo ela, a maioria das entidades presentes nos estandes da Vila Capilé e da Economia Solidária foram atingidas diretamente pela enchente.
De fato, além de promover entretenimento, cultura e lazer para o leopoldense e visitantes de outras cidades, o evento impacta positivamente famílias e economia locais. “É uma festa que gera renda para todo o município. O pessoal da montagem é de trabalhadores da cidade; a produtora é da cidade. A festa impacta a rede hoteleira, bares, restaurantes. Enfim, o clima é de retomada e superação. As pessoas também precisam ter alegrias, pois tem sido um ano difícil, de reconstrução”, avalia.
Para o prefeito Ary Vanazzi, manter a São Leopoldo Fest, ainda que reduzida e extemporânea, tem o sentido de reunir a comunidade para mitigar o sofrimento causado pela tragédia natural e reafirmar a importância da festa como símbolo da cidade e da imigração germânica.
“A decisão de realizar a São Leopoldo Fest dos 200 anos é justamente para reafirmá-la – todos os anos a cidade realizou a festa. Houve a tragédia, nós esperamos recuperar a cidade, melhorar a cidade, as famílias se recomporem. E a festa é importante: traz uma solidariedade entre as pessoas, uma confraternização, as pessoas voltarão a se encontrar. Assim como tem acontecido com a Semana Farroupilha e outras tantas atividades, a cidade não pode parar. E principalmente porque a festa traz benefícios para a comunidade leopoldense. E a população também: a partir desse olhar para com a cidade, a Prefeitura, junto com a empresa terceirizada, dar oportunidade para que as pessoas possam vir conviver um pouco e extravasar um pouco. Depois de tanta tristeza ter um pouco de alegria. Cultuar a tradição alemã, a gastronomia, aproveitar esse momento de reconstrução para poder motivar a população e trazer elementos para sua própria vida”, pondera.
Vanazzi avalia que o resgate histórico promovido pela São Leopoldo Fest também é importante. “É um momento também de poder relembrar os grandes momentos da cidade, da cultura, dos 200 anos de história. Na verdade, o Bicentenário estava sendo programado com uma grande festa histórica da cidade de São Leopoldo, do ponto de vista cultural, econômico, social, de investimento. A cidade se preparou para um salto e isso ainda vem acontecendo. Então a festa marca os 200 anos com tudo: com a tragédia, mas também com a festa que relembra os primeiros imigrantes que tiveram uma história extraordinária e uma participação muito efetiva em transformar hoje a cidade de São Leopoldo como a sétima economia do Estado do RS”, diz.