Na vastidão da região conhecida como Quarta Colônia, no coração do Rio Grande do Sul, uma série de descobertas paleontológicas tem surpreendido e fascinado cientistas e entusiastas do mundo inteiro. Estes achados não apenas revelam novos aspectos sobre a vida dos animais pré-históricos, mas também posicionam os pesquisadores gaúchos como protagonistas nos estudos paleontológicos globais.
Desde o reconhecimento pelo Livro Guinness dos Recordes, em 2021, como a terra dos dinossauros mais antigos do mundo, o Rio Grande do Sul tem estado no centro das atenções, com a região da Quarta Colônia emergindo como um tesouro paleontológico. As rochas que datam do período Triássico nessa área guardam não apenas fósseis, mas também segredos que ajudam a desvendar a história do nosso planeta.
Em 2023, um marco significativo foi alcançado com o reconhecimento da Quarta Colônia como um geoparque mundial pela UNESCO, destacando a importância única desta região para o estudo e preservação do patrimônio paleontológico. Com cidades como Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, Ivorá, Nova Palma, Pinhal Grande, Restinga Seca, São João do Polêsine e Silveira Martins integrando o geoparque, a região se tornou um destino imperdível para os amantes da paleontologia e da história da Terra.
As pesquisas na região são lideradas pelo Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (CAPPA/UFSM), que tem sido fundamental na condução de estudos e descobertas impressionantes. Além da Quarta Colônia, outras regiões do estado também têm contribuído significativamente para o entendimento da pré-história.
Um dos achados mais notáveis foi o fóssil do anfíbio Kwatisuchus rosai, descoberto em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste do estado, por pesquisadores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Este fóssil, que remonta a uma época anterior aos dinossauros, sugere uma possível conexão entre a fauna do pampa gaúcho e a da Rússia, desafiando as concepções tradicionais sobre os ecossistemas da Pangeia.
Além disso, outras descobertas paleontológicas no Rio Grande do Sul nos últimos anos incluem:
- Pampaphoneus biccai: Descoberto no interior de São Gabriel, este é o mais antigo predador terrestre do continente, datando de mais de 265 milhões de anos.
Ilustração mostra como seria o ‘Pampaphoneus biccai’. — Foto: Cortesia Juan Carlos Cisneros / Divulgação - Gamatavus antiquus: Em Dilermando Aguiar, uma nova espécie dos silessauros foi encontrada, considerada uma das mais antigas do mundo.
Ilustração mostra como seria a espécie — Foto: Márcio L. Castro/ Divulgação - Unaysaurus tolentinoi: Entre Santa Maria e São Martinho da Serra, um fóssil deste dinossauro herbívoro foi encontrado, ampliando nosso entendimento sobre os dinossauros sulistas.
De acordo com pesquisadores, Unaysaurus tolentinoi foi um dinossauro herbívoro que andava sobre duas patas e atingia cerca de 2,8 metros de comprimento — Foto: Maurício Garcia/Reprodução - Stenoscelida aurantiacus: Descoberta em Agudo, esta nova espécie de réptil, semelhante aos ancestrais dos jacarés e crocodilos, coexistiu com os primeiros dinossauros.
Stenoscelida aurantiacus — Foto: Matheus Fernandes - Venetoraptor gassenae: Em São João do Polêsine, um parente dos pterossauros foi identificado, com características únicas que revelam mais sobre a diversidade desses répteis voadores.
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM