Assessor de Relações Internacionais do Brasil, Marco Aurélio Garcia, diz que o presidente americano deveria ter uma posição “mais ativa” em busca de um acordo político visando ao fim da crise na região
O ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya completa nesta quarta-feira, 21, um mês que está abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, capital de Honduras. Em entrevista a TV Brasil, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, diz que o ideal seria que o presidente norte-americano, Barack Obama, tivesse uma posição “mais ativa” em busca de um acordo político visando ao fim da crise na região.
“Acho que os Estados Unidos poderiam ser mais ativos, portanto, assumir uma posição mais assertiva para pressionar os golpistas”, disse Garcia. “Mas a América Latina não é prioridade para os Estados Unidos. É uma região de paz. Não é problema.”
Amigo de Zelaya, a quem conhece há anos, Garcia reiterou que o governo brasileiro agiu corretamente ao apoiar o retorno do ex-presidente e abrigá-lo na embaixada brasileira. “Não acho que foi uma fria [a decisão do governo brasileiro de apoiar Zelaya]. Criou uma certa incomodidade, mas os diplomatas sabem que a embaixada não é só para encontros políticos e recepções.”
De acordo com o assessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele mesmo e outros integrantes da equipe de governo foram surpreendidos com a chegada de Zelaya à embaixada no mês passado. A informação foi transmitida a eles durante o voo para Nova York, nos Estados Unidos.
A crise em Honduras foi agravada em 28 de junho, quando Zelaya foi deposto por tentar realizar uma consulta popular sobre mudanças constitucionais, consideradas ilegais pela Suprema Corte do país. Entidades internacionais e governos estrangeiros classificaram a deposição de Zelaya como golpe de Estado. Já o grupo que apoia o presidente Roberto Micheletti afirma que o processo é legítimo por contar com a sustentação da Suprema Corte e de outras instituições.
Depois de quase quatro meses de negociações de avanços modestos, aumentou a pressão internacional sobre o atual governo, houve protestos, e a crise hondurenha é tema de debates internacionais.
Foto: Marcello Casal Jr./ABr
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