Por: Larissa Brito
O prefeito Luciano Orsi, que também está ocupando o cargo de presidente da Famurs, e fala sobre os desafios de administrar a cidade.
Às vésperas de alcançar os 65 anos, Campo Bom é um retrato vívido do espírito inovador característico desta região.Destaca-se como pioneira no Brasil ao exportar calçados para o exterior em 1968, além de ter inaugurado a primeira Feira Nacional do Calçado em 1961. Para celebrar o aniversário da cidade, O Vale conversou com o prefeito da cidade e atual presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (FAMURS), Luciano Orsi. Na entrevista, Orsi reflete sobre o passado e projeta o futuro.
Esse ano comemoramos o bicentenário da imigração alemã. Como a cidade está se preparando para a data?
Tivemos recentemente o nosso Natal de integração, que foi praticamente todo mês de dezembro e foi feito com o tema dos 200 anos da imigração alemã. Buscamos orientação com os dois grupos germânicos da cidade que pesquisaram bastante. Através dessa pesquisa, eles desenvolveram toda uma temática que retratava um Natal alemão.Claro que a questão do bicentenário também será tema futuro. Junto com FAMURS e Associação dos municípios do Vale Germânico estamos trabalhando em alguns pontos específicos
para julho.
Campo Bom sempre foi reconhecida pela inovação. Quais são os principais desafios de se manter na vanguarda e executar esses projetos?
A inovação está no sangue do campo-bonense, desde de antes da emancipação. Sempre tentamos estar um pouco à frente do do nosso tempo. Porque
quem está na frente acaba tendo as melhores oportunidades, certo? Eu diria que o principal desafio está muito ligado à área da educação. Não aquela educação tradicional, mas uma educação em termos de formação, de inovação. Por isso trabalhamos muito nas escolas a questão da tecnologia.
Recentemente, a Universidade Feevale divulgou um investimento de 15 milhões no Feevale Techpark. Qual o impacto disso para o município?
É o futuro da cidade. Esses 15 milhões serão investidos em um novo centro de ciências da saúde, onde desenvolveremos soluções futuras para a saúde no Brasil e no mundo. Temos uma parceria muito grande com a Feevale. Tem muito a ver com a facilidade de fazer parceria com a Campo Bom. Somos uma cidade que parece diferente das outras. A empresa olha o potencial e a facilidade, né? E a gente pensa em como podemos facilitar, e não dificultar. Então estamos sempre conseguindo seguir em frente.
Empresas que estão em amplo processo de expansão estão escolhendo Campo Bom para abrigar seus centros de distribuição. Qual atrativo a cidade oferece para essas empresas e qual o impacto na economia local?
Eu acredito que uma vantagem que a gente tem é a questão logística. Campo Bom é uma cidade que fica muito bem localizada. Fica entre a Serra, Litoral e perto da Grande Porto Alegre. Com isso, fica mais fácil a circulação da mercadoria. E uma das coisas que também nos ajuda muito é que Campo Bom foi o primeiro município a ter nota fiscal eletrônica do Sul do Brasil. Fizemos isso para servir a GetNet quando estava se instalando em Campo Bom e precisava disso. Nos especializamos em atender meios logísticos que trabalham com grande quantidade de emissão de notas e precisam de um produto que funcione. E digamos que muitos vêm porque alguém falou desse ambiente favorável.
A educação está se preparando cada vez mais para ser uma grande aliada no desenvolvimento do município e, com isso, a roda da cidade vai girando, a qualificação vai acontecer, e a qualidade de vida também vai ser uma consequência.
Atualmente, o hospital Lauro Reus passa por uma reforma. Além dessa obra, há previsão de outras melhorias na rede de saúde municipal?
Eu diria que a nossa estrutura é muito boa. Temos 13 unidades de saúde, mesmo a cidade com pouco mais de 30 quilômetros quadrados de área, então eu diria que não temos necessidade de espaços físicos hoje.Criamos o centro de especialidades para poder fazer uma gestão diferente das consultas de especialidades, odontologia e saúde da mulher. Com isso, a gente também tira um pouquinho de volume da central de marcação e das próprias unidades e conseguimos dar um atendimento mais qualificado.
Temos recursos para fazer na área de lazer e temos recursos para o hospital, posso garantir que recursos não faltam. Digamos que as pessoas se acostumam com o que é bom.
Como está a preparação para o retorno das aulas em termos de estrutura das escolas e mão de obra?
Hoje, temos 7 escolas integrais, e nas outras temos o contraturno. Ou seja, o aluno fica o dia inteiro na escola. Estamos fazendo uma escola de educação infantil nova e ampliando e outras. Temos o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Vale do Sinos por causa disso, desse trabalho de muitos anos. E eu diria que a educação está se preparando cada vez mais para ser uma grande aliada no desenvolvimento do município e, com isso, a roda da cidade vai girando, a qualificação vai acontecer, e a qualidade de vida também vai ser uma consequência.
Campo Bom foi eleita uma das 3 cidades mais sustentáveis do Brasil. Qual o segredo para unir expansão econômica e sem deixar de lado as boas práticas ambientais e sociais?
Temos um longo caminho a percorrer, sabemos que há muito o que fazer, mas definimos alguns objetivos muito importantes. Por exemplo, criamos, no início do governo, já em 2018, um plano municipal de arborização e já plantamos mais de 15 mil árvores em Campo Bom. Fiquei até um pouco surpreso, não que a gente não merecesse, mas porque não fizemos nada específico para o prêmio, sabe? É algo simples, que todas as cidades podem fazer. Como se administra uma cidade onde as pessoas já estão acostumadas com as coisas funcionando?
Não é simples. A régua em Campo Bom para os políticos é muito alta. Coisas que são aceitas em outras cidades, aqui não são aceitas. Às vezes, as pessoas me questionam: “Prefeito, mas porque você está fazendo outro parque? Porque não Investe dinheiro no hospital, já tem tanto parque e área de lazer.” Eu sempre digo que temos recursos para fazer na área de lazer e temos recursos para o hospital, posso garantir que recursos não faltam. Digamos que as pessoas se acostumam com o que é bom.
Atualmente o senhor é presidente da FAMURS. Como está sendo esse período e qual sua avaliação diante desse desafio?
A FAMURS faz você ter contato com associações, que são 28 em todo o estado, que congregam os 497 municípios. Então a gente trabalha com muitas realidades de diferentes regiões. Muitos prefeitos precisam de ajuda, e a FAMURS está aí para isso. Temos um corpo técnico muito bem desenhado e qualificado, e procuramos incentivar boas práticas, interceder. Agora temos que dar o nosso melhor para tentar deixar um bom legado pessoal e também uma parceria na federação.