Profissionais de Novo Hamburgo e São Leopoldo compartilham experiências sobre educação, moda circular, empreendedorismo feminino e redes de apoio que impulsionam mulheres na região.
Na noite de segunda-feira, 5 de agosto, o programa Estação Hamburgo, da Vale TV, reuniu quatro mulheres inspiradoras — Emiliana Raymundo, Cláudia Sá, Cristina Spengler Azambuja e Beth Renz — para debater os desafios e as conquistas do empreendedorismo feminino no Vale do Sinos. Com diferentes trajetórias profissionais, elas compartilharam histórias de luta, superação, afeto e construção de redes que vêm transformando realidades de centenas de mulheres em Novo Hamburgo, São Leopoldo e cidades vizinhas.
Um encontro de vozes femininas e transformadoras
A edição especial do Estação Hamburgo, conduzida por Rodrigo Steffen, trouxe uma bancada inteiramente feminina para discutir um tema que vem ganhando força na região: o fortalecimento do empreendedorismo feminino e o papel das redes de apoio na construção de negócios sustentáveis e socialmente relevantes.
Entre as convidadas, Emiliana Raymundo, professora há mais de 30 anos e idealizadora do grupo Elas por Elas, contou como uma simples necessidade pessoal evoluiu para a criação de uma rede com mais de 350 mulheres empreendedoras. “Começou com uma inquietação minha, como professora e pequena empreendedora. Hoje somos um grupo com doceiras, artesãs, advogadas, psicólogas, médicas. Um verdadeiro hub de apoio e troca”, relatou Emiliana. O grupo já realizou seu primeiro encontro presencial e segue crescendo com o apoio mútuo entre as participantes.
Moda circular como agente de mudança
Já Cláudia Sá, mais conhecida como “Cláudia da Feira”, é fundadora da Feira Bem-Vestida, evento que há oito anos vem ressignificando o conceito de moda circular no estado. “Nosso propósito é mudar a visão que as pessoas têm sobre roupas usadas. Não é descarte, é reaproveitamento com estilo, identidade e sustentabilidade”, explicou. Em 2025, a feira reuniu 95 expositores e vendeu mais de 8.700 peças em um único dia, consolidando-se como a maior do setor no Rio Grande do Sul. A feira também funciona como ecossistema de negócios, promovendo parcerias e fortalecendo pequenos empreendimentos liderados por mulheres.
Educação como ferramenta de transformação
Cristina Spengler Azambuja, professora do SENAC e consultora em desenvolvimento humano, ressaltou a importância da educação empreendedora como pilar da autonomia feminina. “Trabalho com EJA e vejo diariamente mulheres que voltam a estudar para criar novos caminhos. Muitas são chefes de família que empreendem sem nem saber o que é ser empreendedora. Educação é o ponto de partida”, afirmou Cristina, que também participa de uma pesquisa nacional sobre mulheres empreendedoras em situação de vulnerabilidade social.
Jornalismo com propósito e rede de conexões
Beth Renz, jornalista e fundadora do portal São Leopoldo Negócios e Companhia, trouxe à conversa a importância da comunicação como ferramenta de valorização de iniciativas femininas. Com décadas de experiência, Beth destacou o papel da imprensa na divulgação de projetos locais e na construção de redes de apoio: “Indicar, divulgar, acreditar nas pessoas é uma forma de fortalecer laços e transformar trajetórias. Muitas mulheres só precisam de uma oportunidade para mostrar seu talento”, reforçou.
O desafio de conciliar jornadas, estabelecer redes de apoio e ampliar o impacto
Durante o programa, todas as participantes compartilharam vivências sobre a dificuldade de equilibrar vida profissional e pessoal, especialmente para mulheres que ainda são, majoritariamente, responsáveis pelos cuidados da casa e da família. A sobreposição de jornadas — profissional, doméstica, afetiva — segue como um desafio real.
Nesse contexto, o fortalecimento de redes femininas, como Elas por Elas, se torna fundamental. “Tem mulheres no grupo que não sabem como cobrar, como emitir um Pix, como precificar. Outras já têm mais experiência e estão ajudando essas que estão começando. É um movimento bonito de acolhimento e empoderamento, e as redes de apoio são fundamentais”, contou Emiliana.
Criar é resistir: novas oportunidades, novas feiras
Além dos eventos consolidados, como a Feira Bem-Vestida, surgem iniciativas semanais, como o projeto Espaço Vica Pozenato de Portas Abertas, em São Leopoldo, que abre espaço todos os sábados para 15 empreendedoras exporem seus produtos. “É uma feira de bairro que virou orgulho da comunidade. A gente precisa ocupar as calçadas, os espaços da cidade com nossos produtos, nossas ideias, nossas vozes”, comentou Cláudia.
Cristina reforçou que iniciativas assim, quando amparadas por capacitação, redes e apoio institucional, têm enorme potencial de transformação social. “Educação, planejamento, apoio psicológico e acolhimento são os pilares que estruturam uma mulher empreendedora. A informalidade ainda é muito alta. Precisamos trazer essas mulheres para a formalidade com acolhimento, não com burocracia.”
Vale do Sinos como berço de inovação social feminina
São Leopoldo, Novo Hamburgo, Campo Bom, Sapiranga e outros municípios do Vale do Sinos estão se tornando, aos poucos, territórios férteis para o florescimento de redes de mulheres empreendedoras. Seja por meio de feiras locais, grupos de WhatsApp ou redes sociais, essas mulheres estão provando que, juntas, conseguem ir mais longe.
Cláudia, Cristina, Emiliana e Beth representam diferentes faces de uma mesma força: o protagonismo feminino que transforma a comunidade pela educação, pela economia criativa e pelo afeto. Como disse Emiliana, “se não está bom para todas, não pode estar bom só para mim. O que eu puder fazer com o braço que eu tenho, eu vou fazer.”
Clique na imagem abaixo para assistir ao Estação Hamburgo no canal da Vale TV no YouTube:
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Debate realizado no dia 5 de agosto de 2025 no programa Estação Hamburgo, apresentado por Rodrigo Steffen.