O criador do personagem deu uma palestra esta manhã na Feira do Livro e revelou que Radicci está preocupado com a lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas
Na manhã desta segunda-feira, dia 1º, a 25º Feira do Livro de Novo Hamburgo contou com a irreverência do jornalista, chargista e humorista, Carlos Henrique Iotti, que deu uma palestra cultural no teatro Carlos Paschoal Carlos Magno, onde falou de seus personagens, sobre sua carreira e após ocorreu uma sessão de autógrafo.
O desenhista diz que os quadrinhos de um modo geral exercem um apelo forte sobre as crianças, pelo fato de ser desenho e engraçado. “Muitos pais me contam que os filhos começaram a ler o jornal por causa da tirinha do Radicci e isso é bem gratificante. Às vezes, elas não compreendem o texto. Ainda bem. Se bem, que são obrigadas a assistir a TV Senado, TV Câmara e outros bichos mais”, ressalta.
Com o jeito engraçado, mesclando o sotaque e algumas piadas do Radicci, Iotti, arrancou gargalhas da platéia. Com muita animação, o chargista ensinou a garotada a não desistir dos objetivos e que tudo é resultado de persistência e trabalho. “Todo mundo nasce desenhista, mas cresce e vai deixando de desenhar. Eu não nasci com o dom de desenhar, mas tudo que tu faz sempre, vai aprimorando. Ainda mais sendo algo de que você gosta”, ensina.
Iotti disse que criou seu personagem principal, Radicci, no susto, e este já existe há 24 anos. “ Quando resolvi que o que eu queria era desenhar e que isso poderia ser uma profissão, comecei a me dedicar a isso. Guardava os meus desenhos e depois ia pedir emprego nos jornais. Recebi muito não, mas eu gosto de desafiar o não. E quando voltei mais uma vez no jornal eles resolveram me dar uma oportunidade de fazer uma charge e deu certo”, conta.
Após algum tempo no jornal como chargista, o editor acreditou no seu trabalho e lhe deu uma página no jornal de sábado, e sugeriu que seria interessante a criação de um personagem. “Eu fiquei pensando, pensando, não queria um super herói. Queria um personagem diferente. Eu vi um casal saindo do mercado, ela carregando todas as compras e o cara de calças curtas com a mão no bolso. E eu pensei, é isso! Vou fazer um colono! E na primeira tentativa já saiu algo que se assemelha ao Radicci”, lembra.
A característica mais marcante do personagem Radicci, na opinião do próprio Iotti, é ser um colono italiano, simplório, um anti-herói, com sotaque, e que trata de coisas cotidianas. “Ele é um gringo, baixinho, careca, vadio, peidorreiro, cachaceiro e com um baita sotacon” se diverte Iotti. O Radicci está apavorado com a Lei Seca. “Porco Dio! O que é isso, é uma pouca vergonha, vai voltar o tempo do Alcapone. A Genoveva é que vai gostar disso”, brinca.
Os outros personagens nasceram para completar a família do colono. “A Genoveva é a típica mulher brasileira, aquela que bota ordem em casa e manda ele trabalhar. O Nono é o veio italiano, participou da 2ª guerra mundial mas não lembra contra quem. E o filho Guilhermino, é o magrão, malandrão, e ele e o Radicci são de mundos completamente diferente”, descreve.