A Comissão de Assuntos Municipais na Assembleia Legislativa debateu nesta semana a necessidade de ampliação dos serviços de transporte metropolitano. As queixas de usuários foram corroboradas por verificação “in loco” da proponente da audiência, deputada Laura Sito (PT). O cenário pós-enchente, segundo a parlamentar, está ainda pior do que antes da catástrofe climática de maio.
Um órgão presente foi a Trensurb, que antes da enchente transportava 110.000 passageiros por dia. Diretor de operações da empresa, Ernani Fagundes ressaltou a Operação Trilhos Humanitários, iniciada no dia 30 de maio, que colocou em funcionamento 15 trens, da estação Novo Hamburgo a Mathias Velhos.
Essa é uma alternativa emergencial, que dá capacidade de transportar cerca de 30.000 pessoas diariamente. Também desde o último sábado (13) começou a vigorar o deslocamento gratuito de passageiros por ônibus da estação Mathias Velhos até a estação Mercado, na Capital.
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Linha completa do Trensurb só em dezembro
Ernani Fagundes afirmou que já está encaminhando pedido para Metroplan e para EPTC solicitando que os veículos façam paradas na Zona Norte de Porto Alegre, atendendo pleito dos usuários. Ele reafirmou a data de 20 de setembro para que os trens operem até a estação Farrapos, e 24 de dezembro retomem a rota final até a Mercado Público.
O principal entrave para que o sistema volte a operar na plenitude, segundo ele, está relacionado aos danos causados a duas das cinco subestações de energia da rede Trensurb, responsáveis por “fornecer o combustível para os trens”.
“Não é por falta de recursos financeiros ou de capacidade técnica. A dificuldade é com o fornecedor de tecnologia para realizar os consertos, pois nem sequer os trilhos são vendidos no Brasil”, disse o diretor.
Demanda pelo ônibus caiu 70%
O representante da Metroplan, Jaime Keunecke garante que é possível verificar uma reação do sistema, que atende 90% da oferta existente antes da enchente. Todos os terminais, segundo ele, já foram restabelecidos e há 1.721 horários de ônibus em vigência. Ele revelou que a enchente gerou uma queda no número de passageiros na Região Metropolitana de 5,5 milhões, em abril, para 1,6 milhão em maio, representando uma retração de 70%.
Sobre as queixas de superlotação, Keunecke argumentou que a legislação permite até 50 pessoas de pé, fato que não ocorre pois impossibilitaria que o veículo transitasse. Explicou também que uma Ação Civil Pública, transitada em julgado, não permite que a Metroplan crie novas linhas de ônibus até que seja realizada uma licitação para o transporte público metropolitano.
Oportunidade para rever tudo
Ao encerrar a audiência, a deputada Laura afirmou que a calamidade abriu uma janela de oportunidade para a discussão sobre um novo modelo de transporte para a Região Metropolitana de Porto Alegre. Propôs que o debate continue nos municípios com as lideranças políticas, usuários e empresas e com o acompanhamento da Comissão de Assuntos Municipais.
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