Num cenário econômico onde o dólar não ultrapassa os R$ 2,00, líderes de entidades falam em adaptação
Hoje, 16 de maio, a cotação do dólar fechou em R$ 1,954.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, declarou nesta quarta-feira, 16 de maio, que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu uma avaliação da equipe sobre medidas que possam auxiliar setores que precisam se adaptar à queda da moeda norte-americana e à valorização do real.
O dólar abriu hoje a R$ 1,96. Segundo Appy, entre as medidas em estudo está a desoneração da folha de pagamento de empresas exportadoras. Ele informou também que a ajuda pode ser mais ampla, mas não quis antecipar para quais setores.
Sobre a redução do dólar abaixo de R$ 2, o secretário manifesta tranqüilidade e diz que a situação do país é positiva e deve permitir novas desonerações no futuro, mas que a decisão é técnica e política.
“Posso dizer que a situação econômica do país cria um ambiente favorável a novas desonerações no futuro. Quais são essas desonerações, é uma decisão que não cabe a mim”, acrescenta.
O Banco Central anunciou também nesta quarta-feira um leilão de swap cambial reverso, com oferta equivalente a cerca de US$ 1 bilhão em até 21.250 contratos. O último leilão desse tipo foi feito no dia 8.
Após o anúncio, o dólar reduziu a queda para 0,86%, vendido a R$ 1,965. Antes da operação, a moeda era cotada a R$ 1,958. O BC lançou esses leilões em 2005 para acelerar a redução da exposição cambial do governo, mas a operação tem também efeito para compra futura de dólares.
Opiniões no setor coureiro-calçadista:
Para o Presidente da Assintecal (Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos), Luís Amaral, a baixa cotação do dólar tem diversos reflexos para o setor de componentes para couro, calçados e artefatos devido à diversidade de produtos que compõem este elo da cadeia calçadista, pois ed maneira geral, o impacto é decisivo para as exportações do setor.
Segundo o Presidente, o dólar abaixo dos R$ 2,00, encerra um ciclo de exportações, baseado no modelo de produtos sem maiores diferenciais e de produção em escala, gerando muitos empregos. Sobrevivem itens que não enfrentam concorrência internacional, e os que se diferenciam, por design ou tecnologia.
Na opinião dele, temos produtos com este perfil, que mantém a viabilidade do negócio. Aumenta, porém, o valor agregado, e diminui o volume e os empregos. Para empresas que trabalhavam com ajustes em gestão, produtividade e lucratividade, na expectativa de um dólar a R$ 2,10 ou R$ 2,15, não há mais o que ajustar, nem expectativas acima de R$ 2,00.
“Nossa alternativa é seguir investindo com nossos parceiros em projetos focados em design, tecnologia e inovação para fugir cada vez mais da venda baseada no preço, abrindo mercados para os componentes brasileiros através da diferenciação”, conclui Amaral.
O Presidente da AicSul (Associação das Indústrias de Curtume do Rio Grande do Sul), Francisco Gomes, diz que o pensamento a respeito da cotação do dólar no setor coureiro-calçadista, é quase que unânime de que o momento é de adaptação aos novos tempos, pois a queda da moeda americana vem acontecendo também em outros países.
Para Gomes, o setor calçadista mais prejudicado, pois o couro é matéria-prima, usada em outras áreas. Porém, ele lembra que todas as empresas exportadoras, no geral, sofrem com a queda do dólar.
Sobre a adaptação, o Presidente da entidade lembra que os empresários devem aproveitar o dólar favorável para investir em tecnologia. “No entanto, para nós, a questão tributária é mais importante, pois para realizar tais investimentos, precisamos que o governo libere o crédito retido”, finaliza.