A moeda norte-americana acumula uma queda de 4,37% no mês de maio, e chega a cotação de janeiro de 2001
A taxa de câmbio voltou a registrar nesta segunda uma desvalorização expressiva da moeda norte-americana e, no final do dia, o dólar atingiu a cotação de R$ 1,940. Na semana passada, quando rompeu a barreira psicológica de R$ 2,00 (terça-feira), a taxa mais baixa havia sido de R$ 1,952 (quinta-feira).
Repercussão no setor coureiro-calçadista:
Abicalçados:
Para o vice-presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados), Ricardo Wieth, as empresas 100% exportadoras têm um sério problema, pois a única solução para tentar reparar as perdas resultantes da queda do dólar, seria repassar esse custo para seus produtos.
“Estamos fazendo as vendas com as taxas de novembro e dezembro de 2006. E as empresas que não conseguem, por algum motivo, fazer isso, têm uma perda de pelo menos 10%”, pondera Wieth.
O vice-presidente comenta ainda, que a China hoje não é mais o principal problema para o setor calçadista do vale, mas sim a própria produção interna de cada país. “A demora e a quantidade de impostos que incidem sobre o nosso produto, estão inviabilizando nossas exportações”, finaliza.
Ele diz também que uma das possibilidades para o setor é a permanência em locais onde essa variação de preço não é questão primordial, mas sim questões como o design e a qualidade. “Porém nesses casos, o volume negociado é menor”, analisa Wieth.
Abrameq:
O diretor executivo da Abrameq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores do Couro, Calçados e Afins), Marcelo Adriano, conta que a queda do dólar tem afetado bastante o setor de fabricantes de máquinas, por dois motivos diferentes.
Segundo ele, um deles, as vendas voltadas para o setor de calçados que trabalham exclusivamente com exportação. “É um setor que deixou de investir, ou investe menos, e conseqüentemente, nós também vendemos menos”, explica.
Outro fator são as vendas diretas para o mercado exterior. “Nos últimos 6 a 8 anos tivemos um ótimo desempenho no mercado externo, a qualidade das nossas máquinas melhorou muito, uma imagem positiva foi construída, e agora queremos manter isso”, declara Adriano.
Para o diretor, duas questões são urgentes: a própria sobrevivência no mercado e a manutenção desta boa imagem no exterior. “Estamos fazendo de tudo para desonerar o setor. O governo tem contribuído com o repasse de recursos, mas a questão dos impostos que incidem sobre a produção, precisa ser revista, e é isso que estamos buscando”, finaliza.