A reinserção da mulher no mercado de trabalho é uma das principais estratégias para afastá-la da violência. Principalmente, porque conforme dados da pesquisa “Visível e Invisível”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada quatro brasileiras acima de 16 anos sofreu algum tipo de violência ao longo de 2021 e dessas, 25% relataram que a perda de renda e emprego fui um dos fatores que mais influenciaram, principalmente por causa da pandemia.
Em Sapiranga, a equipe do Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) Alzira Valesca Lampert Fett, que é vinculado a Secretaria de Assistência Social, juntamente da Secretaria de Indústria, Comércio e Tecnologia, elaborou no ano passado um projeto chamado ‘Envelope Cor de Rosa’. Ele consiste em um encaminhamento, através do CRAM, de mulheres vítimas de violência, para que a Secretaria de Indústria, Comércio e Tecnologia, com a orientação e o currículo dessas mulheres, trabalhe juntamente com o SINE de Sapiranga, encaminhando-as para empresas parceiras, onde participam de capacitação e processos seletivos. Até o momento, 15 mulheres foram beneficiadas com o projeto.
Atualmente, a Paquetá Calçados recebe e capacita mulheres de Sapiranga encaminhadas pelo CRAM e pelo SINE. Elas passam por um processo seletivo no qual são avaliadas suas potencialidades e, após a contratação, elas iniciam no curso de Confecção de Bolsas com duração de 80h, que ocorre diretamente na empresa, em parceria com SENAI, para posteriormente iniciarem no setor produtivo. Assim, essas mulheres conseguem retomar sua independência financeira, dando-lhes condições de romper com o ciclo de agressões a que se veem sendo submetidas em razão da dependência econômica, proporcionando um ambiente de trabalho mais humano e inclusivo.
A coordenadora Corporativa de Responsabilidade Social da Paquetá The Shoe Company, Fabiana Dalanhol, 44 anos, comenta que para a empresa, é importante oportunizar a inclusão de mulheres vítimas de violência no mercado de trabalho. “O setor de Responsabilidade Social possui o Programa de Diversidade e Inclusão que busca promover um ambiente de trabalho livre de discriminação de grupos mulheres em vulnerabilidade crescerem e se desenvolverem num ambiente onde se sintam produtivas e acolhidas”, comenta.
O secretário de Indústria, Comércio e Tecnologia, José Della dos Santos, comenta sobre a relevância de mulheres vítimas de violência serem encaminhadas através do projeto Envelope Cor de Rosa, pois assim, a empresa saberá que aquela mulher necessita de uma atenção e capacitação diferenciada na hora da contratação. “É um projeto fundamental para auxiliar mulheres que sofrem com a violência doméstica. O projeto busca ajudar essas mulheres, para que elas tenham prioridade na contratação e isto seja justificado, através do envelope“. O secretário ainda comenta sobre a expectativa de novas empresas aderirem ao projeto, ampliando as oportunidades. “São muitas mulheres que infelizmente passam por essa situação, então precisamos ampliar as oportunidades para elas no mercado de trabalho. Aumentando o número de empresas parceiras, isso seria possível“, finaliza.
“A dependência financeira, o medo do agressor e a vergonha da sociedade, desencoraja as mulheres a denunciar a violência sofrida, por isto, projetos como este buscam aumentar a autoestima, facilitando a entrada no mercado de trabalho, com independência econômica e também emocional, para que elas possam quebrar o ciclo de agressões e voltar a viver com esperança. A prevenção é significativa em ambos processos“, explicou Silvia Maciel, assistente social do CRAM.
Foto: divulgação/PMS
