Com agilidade, a professora Maria Wendling Brischke sobe as escadas, liga as luzes da sala e começa a escrever com o canetão no quadro branco, como faz rotineiramente em suas aulas de língua portuguesa, do 6º ao 9º ano, na Escola Arno Nienow. Esse foi o tema da reportagem da jornalista Giordanna Benkenstein, do Diario de Ivoti, que a reportagem traz.
Maria representa uma homenagem a todos os professores, nessa data comemorativa. Ela é um exemplo de que querer é o primeiro passo para alcançar algo, mesmo que o desafio pareça grande. É fácil esquecer que Maria tem deficiência, pela capacidade que ela demonstra frente a qualquer impasse. Apesar disso, é preciso enfatizar a história dela e como ela se adaptou para conseguir alcançar o seu sonho de ser professora.
Maria nasceu com uma má formação congênita. Não se sabe ao certo o que causou isso, pois ela tem sete irmãos e não tem histórico de ninguém além dela que tenha algum tipo de deficiência na família.
Com dois anos de idade, os pais dela iniciaram o tratamento. Uma perna de Maria é mais curta que a outra, por isso, na infância precisou passar por várias cirurgias para poder usar uma prótese. Ela se adaptou rapidamente a prótese. “Em questão de uma semana eu já caminhava perfeitamente. Optaram por não colocar prótese nos braços, porque como eu consigo fazer as coisas, acharam melhor deixar assim. Hoje em dia eu consigo fazer a maioria das coisas sem o auxílio de ninguém”, disse ela a repórter Giordana.
Ela decidiu que queria ser professora pela influência das pessoas da família dela. O tio de Maria era professor e foi ele quem a alfabetizou. Ela também tem uma prima que era professora de língua portuguesa e alemã, que também a incentivou muito. “Achei que isso seria uma boa profissão para eu atuar, já que tenho alguns impedimentos, não posso trabalhar em qualquer coisa, por causa da minha deficiência. Então professora era uma coisa que eu pensei que conseguiria fazer e que me adaptaria bem”, explica Maria.
Maria é professora desde 1995. Ela já atuou em Nova Petrópolis, depois alguns anos em Picada Café e desde 1999 é professora em Dois Irmãos da rede. Além de ser hoje professora de língua portuguesa na escola, ela também é formada em língua alemã. Como professora de línguas, ela viajou cinco vezes para a Alemanha e uma para a Áustria, sempre para fazer cursos.
Ela explica porque gosta de lecionar e qual a retribuição essa profissão proporciona. “Gosto muito do que faço, porque isso dá uma retribuição muito grande, pois a gente vê o avanço dos alunos. Eles são muito carinhosos, afetuosos, sempre tem um bom retorno”, conta Maria.
Sobre a rotina em sala de aula, Maria relata que consegue fazer tudo que precisa. “Escrevo no quadro normalmente, com canetão como os outros professores, só o alcance não é tão alto no quadro, mas tirando isso eu faço tudo normal. Os alunos sempre dizem que tenho uma letra muito bonita”, explica.
A vida de Maria é uma prova diária. Um desafio. Uma superação de o quanto pode e deve ser bonita a vida de um professor.
Imagens: Giordana Benkenstein e Arquivo/PMDI
