Presidente disse que seu governo fez tudo o que pôde para garantir a segurança da ex-primeira-ministra Bhutto que morreu em 27 de dezembro
O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, admitiu que um atirador pode ter atingido Benazir Bhutto, mas disse que a líder oposicionista se expôs ao perigo e tem responsabilidade por sua morte, afirmou a CBS News no sábado, dia 5.
Segundo a emissora, Musharraf também disse ao programa “60 Minutes”, que irá ao ar pela CBS neste domingo, dia 6, que seu governo fez tudo o que pôde para garantir a segurança de Bhutto, morta na semana retrasada num atentado suicida e ataque a tiros, depois de um comício.
“Por ter ficado de pé fora do carro, acho que ela é a única a ser culpada. Ninguém mais. A responsabilidade é dela”, Musharraf disse na entrevista, gravada no sábado de manhã.
O governo do Paquistão tem dito que Bhutto morreu ao bater com a cabeça no teto solar de seu carro – uma alegação amplamente refutada no Paquistão, onde muitas pessoas suspeitam da cumplicidade do governo de Musharraf. O governo também atribuiu o ataque à rede al-Qaeda.
A CBS, que divulgou trechos da entrevista, também perguntou a Musharraf se um atirador poderia ter causado o ferimento mortífero na cabeça de Bhutto. Ele respondeu: “Sim, sim”.
A emissora também perguntou a Musharraf se ele acredita que o governo fez todo o possível pela segurança dela. “Certamente”, disse ele. “Ela recebeu mais segurança do que qualquer outra pessoa.”
O viúvo de Bhutto, Asif Ali Zardari, requisitou no sábado uma investigação da ONU sobre o assassinato. Num artigo no Washington Post ele pediu que um governo interino seja nomeado para supervisionar as eleições nacionais, adiadas para o mês que vem.
“A democracia no Paquistão pode ser salva, e o extremismo e fanatismo contido somente se as eleições, quando realizadas, forem livres, justas e dignas de crédito”, ele escreveu.
Zardari é o novo presidente do partido de Bhutto, o Partido do Povo do Paquistão (PPP), cargo que divide com o filho dela, Bilawal.
Aliado dos EUA na guerra contra o terrorismo, Musharraf adiou a eleição de 8 de janeiro para 18 de fevereiro. Há a expectativa de que o PPP se beneficie da onda de simpatia por Bhutto.
Musharraf, cuja reeleição para presidente, em outubro, ainda é questionada pela oposição, vai precisar do apoio no próximo Parlamento e parece disposto a renovar os esforços para alcançar um acordo com o partido de Bhutto, dizem analistas.
Zardari tem dito que o PPP tomará parte na votação. Mas as eleições, escreveu ele no Post, têm de ser conduzidas sob um “novo governo, interino, neutro, livre dos aliados do partido de Musharraf.”
Ele também pediu uma comissão eleitoral independente, monitorada por observadores internacionais treinados, com acesso às seções eleitorais.