O médico João Couto Neto, de 46 anos, que se apresenta como especialista em vídeocirurgias, está sendo investigado pela polícia por ter causado a morte de 29 pacientes e deixado sequelas graves em outras dezenas de pessoas.
Médico hamburguense, João também é acusado 111 denúncias totais – incluindo as de pessoas que foram a óbito.
O delegado Tarcísio Kaltbach confirmou a informação na noite desta segunda-feira (23). “São todas investigações por erros graves. Eram pessoas que tinham entrado para uma cirurgia simples, e saiam com graves lesões ou até foram a morte. Todas estão em investigação”, relata o delegado.
Na última semana, o médico foi destaque nacional nos programas Fantástico e Domingo Espetacular, ambos, em primeiro e segundo lugar, dominicais mais assistidos do país.
O Fantástico reuniu 30 pessoas que foram operadas por João, ou perderam parentes. Elas contam detalhes dos procedimentos realizados pelo médico.
Mayara Rocha falou, no programa, do sofrimento depois de uma cirurgia ginecológica, em 2020. “Ele perfurou o intestino. Verificou que perfurou e não fechou. Entrei em coma, fui para UTI. Tive infecção generalizada’, conta.
Robson Fragoso quase morreu também. “A minha hérnia era uma cirurgia até pequena. De caso estético, e ele perfurou minha aorta abdominal”, contou ao repórter Giovani Grizotti.
Em outros casos revelados no programa, há o entendimento de cirurgias simples, que se tornaram problemas.
MAIS DENÚNCIAS
“A gente tinha pânico dele. Era ele que mandava e ponto final. Ele jogava tesouras nas colegas, ele jogava pinça nas colegas. O hospital estava ciente de tudo isso”, diz uma enfermeira que não quis ser identificada ao programa, o que tornou a situação de repercussão ainda maior envolvendo o nome do Hospital Regina, onde foram realizadas a maior parte das cirurgias. Uma fonte garante que somente “a ponta do Iceberg está sendo revelada”.
CONTRAPONTO
O advogado Bruno de Lia Pires informou que o cirurgião não gravaria entrevista com o programa global e mandou uma nota. Nela, o advogado diz que “não teve acesso a todo conteúdo do inquérito e qualquer manifestação nesta hora seria precipitada”. A defesa de João Couto disse ainda que “tem plena certeza de que os fatos serão devidamente esclarecidos, comprovando-se a completa correção nos procedimentos adotados pelo médico.”