Bia Rafaelli conduz o workshop Atmosferas, promovido pela associação Redecore
Bia Rafaelli é Arquiteta e Urbanista formada pela PUCRS e introduziu os conhecimentos acerca do design biofílico como primeira fonte especializada no tema originalmente brasileira, além de traduzir diversos artigos para o português.
O design biofílico trata de uma nova metodologia para planejar ambientes com foco na saúde integral das pessoas (física, mental, social/emocional e espiritual), considerando a dependência humana do mundo natural. Como define a especialista, “possui um propósito claro, no qual cada estratégia de projeto proporciona benefícios saudáveis, pautados por estudos e comprovações científicas”.
Todos os detalhes sobre o conceito serão foco do evento Atmosferas, que traz Bia a Novo Hamburgo, no próximo dia 16, das 7h45 às 11h30, na sede da Redecore. Na entrevista a seguir, a expert conta mais sobre suas experiências e como o conceito valoriza o trabalho dos arquitetos:
De que forma você conheceu o design biofílico?
Depois de dez anos de formação, comecei a ficar desanimada com a arquitetura. Achava que era muito mais preocupada com estética e tendência. E isso não fazia sentido pra mim, porque eu sempre busquei saúde e bem-estar e, de alguma forma, queria levar isso para os meus clientes. Fiz um curso de construções sustentáveis, que já abriu minha mente, mas ainda falando muito da relação do ambiente com a natureza, e nem sempre sobre o bem-estar dos usuários.
Eu sempre falo: o seu caminho você encontra caminhante. E aí eu continuei caminhando, fui trabalhar numa empresa ligada à sustentabilidade e um dia o diretor me mostrou um artigo em inglês na internet, dizendo que tinha tudo a ver comigo. Quando eu li aquilo, tudo passou a fazer sentido. Foi assim que conheci o design biofílico e, posteriormente, a arquiteta americana Elizabeth Calabrese, líder mundial no tema, com quem participei de um workshop em 2018, em Nova Iorque.
Como você começou a compartilhar o conhecimento?
Aprender tanto com Elizabeth Calabrese motivou uma vontade muito grande de compartilhar esse conhecimento com outros profissionais. Se projetar por estética e tendências não fazia sentido pra mim, outros profissionais podiam sentir o mesmo. E, sozinha eu não iria mudar o mundo. Mas muitos profissionais unidos podem fazer uma grande diferença projetando, de fato, para a saúde integral das pessoas. Então, a partir daí, eu trouxe esse conhecimento para o Brasil, em português, porque até então, a gente só tinha bibliografias em inglês, e criei uma formação online chamada Comunidade Biofílica.
Qual a relação entre o design biofílico e a valorização dos projetos?
O design biofílico agrega valor à nossa profissão. Ele vem como uma nova consciência de como a gente deve projetar nossos ambientes, pensando, de fato, na saúde integral do ser humano. É um diferencial no qual eu, profissional, sei porque estou projetando e as estratégias são intencionais. Então, se vou projetar um dormitório, eu quero proporcionar maior relaxamento. Se tenho um ambiente corporativo, quero aumentar o bem-estar dos funcionários e sua produtividade. Quando eu agrego isso, eu gero valor para o meu cliente e agrego valor para a minha profissão.