O acidente ocorreu em agosto de 2022, na rua Guia Lopes, bairro Canudos.
A Polícia Civil suspeita que a morte do motociclista Douglas Vinícius Souza Fogaça, de 40 anos, em agosto do ano passado, tenha acontecido em decorrência de uma negligência médica no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. Segundo o delegado Alexandre Quintão, da 3ª Delegacia de Polícia (DP), os laudos periciais e alguns depoimentos de testemunhas mostram que o paciente poderia ter sido salvo.
“Era para ter passado por cirurgia de urgência. Houve uma sucessão de episódios de negligência, como liberar o paciente. Ele poderia ter sido salvo se tivesse recebido atendimento correto“, explica.
Fogaça sofreu um acidente, por volta da 0h30min do dia 24 de agosto de 2022, na Rua Guia Lopes, bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Ele pilotava uma moto que colidiu contra um carro. O homem foi socorrido por ambulância do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e levado ao Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH).
Por meio da empresa terceirizada Assemed Laudos, de São Paulo, uma médica, especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, fez a avaliação de uma tomografia computadorizada do abdômen e outra do tórax de Fogaça enquanto ele era atendido na emergência do HMNH. Segundo a polícia, ela atestou que o exame estava dentro dos limites da normalidade, mas pontuou que “a ausência do uso do meio de contraste reduz a acurácia na avaliação dos órgãos abdominais”.
“Claramente os exames mostraram que ele tinha duas lesões gravíssimas, que eram plenamente visíveis. O paciente teve hemorragia interna decorrente da laceração de artéria“, afirma Quintão.
Com o laudo on-line emitido pela Assemed, o plantonista do Hospital Municipal deu alta para Fogaça, que foi para casa por volta das 3h do mesmo dia. Por volta do meio-dia, ele foi levado a uma clínica particular, também em Novo Hamburgo. O laudo dos exames do HMNH pode ter induzido a médica a concluir que o quadro não era grave e liberar o homem por volta das 15h30min, segundo a polícia. Ele morreu em casa, às 20h.
Para encerrar o inquérito, o delegado aguarda o depoimento da médica responsável pela avaliação, que também mora em São Paulo. A profissional deve ser indiciada por homicídio culposo – quando não há intenção de matar. A pena varia de um a três anos de detenção.
Um médico legista, do Instituto-Geral de Perícias (IGP), informou no laudo que a realização de uma laparotomia de urgência, mesmo com os riscos, “permitiria a ligadura do vaso rompido bem como a correção da lesão do diafragma, podendo essas correções evitar o desfecho fatal”.
Procurada, a Assemed Laudos informou que é contratada e ‘deve confidencialidade’ e que toda comunicação deve ser feita através da Fundação.