O protesto de caminhoneiros contra o aumento no valor dos combustíveis chega ao terceiro dia e afeta o transporte e abastecimento de produtos no Rio Grande do Sul. Frigoríficos e indústrias do interior dispensaram os funcionários e suspenderam a produção. Com a falta de combustível, ônibus podem deixar de operar.
Na manhã de quarta (23), motoristas bloquearam o acesso à refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, responsável pelo abastecimento de diversas cidades gaúchas e de outros estados do Sul do país. Motoristas eram abordados no acesso ao local, e orientados a não entrarem.
Conforme a Sulpetro e a Sindipetro Serra, pelo menos 21 municípios já informaram falta de gasolina. São eles: Canguçu, Osório, Pelotas, Uruguaiana, Bagé, Santa Vitória do Palmar, Encantado, Torres, Cachoeira do Sul, Três Coroas, Igrejinha, Erechim, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Vacaria, Gramado, Esteio e Farroupilha. Ainda segundo as entidades, diesel e etanol também estão em falta em alguns dos postos.
Aeroporto opera com reserva de combustível
A assessoria da empresa alemã Fraport, que assumiu as operações do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, após o processo de concessões realizado pelo governo federal em março de 2017, informou que está operando com a reserva de combustível, porque os fornecedores previstos não conseguiram chegar ao local na quarta (23).
Pode faltar combustível nos ônibus de Porto Alegre
Em nota enviada à imprensa, a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) alertou sobre a possibilidade de faltar combustível para os ônibus, em função da mobilização dos caminhoneiros.
De acordo com a ATP, algumas empresas devem ficar sem o diesel para abastecer os coletivos dentro de poucos dias.
O que querem os caminhoneiros
Os protestos começaram ainda na noite de domingo (20) em diferentes rodovias federais e estaduais do Rio Grande do Sul. Pneus foram queimados às margens das estradas na madrugada de segunda (21).
A categoria quer a redução do valor do óleo diesel, que tem tido altas consecutivas nas refinarias. Na terça, o preço sobe 0,97% nas refinarias. Mas a Petrobras já anunciou que a partir de quarta-feira (23), o valor cairá 1,54%. A escalada dos preços aconteceu em meio à disparada dos valores internacionais do petróleo.
As revisões podem ou não refletir para o consumidor final – isso depende dos postos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de 8% no ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O sindicato que representa os postos de combustíveis no Rio Grande do Sul, Sulpetro, por meio de nota, manifestou “descontentamento com a atual política de preços da Petrobras”, com reajustes diários.
“A sistemática adotada em julho de 2017 está penalizando nocivamente os empresários varejistas de combustíveis e, por consequência, o consumidor”, diz o comunicado. Na visão do sindicato, “a unifirmização das alíquotas de ICMS é uma das principais alternativas para reverter este quadro.”
De acordo com o Sulpetro, as margens de lucro da gasolina para os segmentos de revenda e distribuição de combustíveis, além do frete, caíram de 17,8% para 14,8% – conforme dado de abril deste ano.