Eram faixas. Camisas. Carro de som. Gritos. Pensamentos.
Na tarde desta sexta-feira (21), o centro de Novo Hamburgo ficou unido somente por um pedido: justiça. Afinal, no domingo a cidade viu uma tragédia acontecer: com somente 9 anos, o pequeno Fernando dos Santos Lopes levava um tiro na cabeça, em meio à uma disputa do crime que ele sequer saber que existia.
As 17h30 daquele dia são inesquecíveis para Edison Lopes e Eliana Batista, pais do pequeno menino hamburguense. De forma ansiosa, em casa, eles aguardavam a volta do filho, que passeava com um tio. “Meu filho não voltou mais para casa. Deixou tudo lá. A vida dele acabou”, relatou a mãe, muito emocionada.
Com uma família em destruição, partiram, da estação Trensurb do centro de Novo Hamburgo, mais de 100 pessoas, vestidas todas com a mesma camisa: “#justiçaporfernando”. Tios, primos, amigos de Fernando e da família se uniram, rumo a Central de Polícia de Novo Hamburgo, para dizer um basta a violência.
Muito emocionados, os pais gritavam: “Justiça”. O pequeno irmão e companheiro de futebol estava muito emocionado e abraçado por todos.
Na caminhada, que perdurou a rua Júlio de Castilhos, muitos caíram no choro. Viram, na dor daqueles pais, a dor de uma cidade que não aceitava um fim como esse.
Na chegada da Delegacia, a Brigada Militar fechou a rua, e os protestantes tomaram conta pedindo uma solução para o caso. Sob o calor intenso, novamente, ecoavam por justiça.
Os pais de Fernando foram conversar com o delegado de Homicídios. Saíram do local com a confirmação do trabalho que a polícia faz para identificar os autores. Mas, por enquanto, sem novidades públicas.
O CASO
Nascido em 8 de novembro de 2012, em São Leopoldo, o menino estudava no 4º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Fernando era descrito como uma criança alegre, cativante e amorosa com sua família.
Conforme a Polícia Civil, por volta das 17h30min do domingo, ocupantes de um Prisma atiravam contra um Peugeot na Rua Valparaiso, bairro Santo Afonso, quando o veículo em que estava a vítima ingressou na via. Segundo o delegado André Serrão, o Gol não era alvo dos tiros.
O tio levava a criança para a casa do pai dela, e a suspeita é de que uma bala perdida tenha acertado o vidro traseiro e a nuca do menino. Fernando foi encaminhado ao Hospital Geral de Novo Hamburgo e transferido posteriormente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, onde acabou morrendo às 11h.
O Prisma de onde partiram os disparos foi localizado queimado na Avenida Floresta, Vila Plameira, em Novo Hamburgo, e passará por perícia. De acordo com a Brigada Militar, o carro havia sido roubado no dia 8 de outubro.