Caminhar por entre ruas centenárias envoltas a prédios que carregam a história de um lugar e adentrar a museus repletos de arte e cultura foi algo que, por muito tempo, era visto como programação de quem viajava ao exterior. O que era belo e atrativo lá fora, no entanto, não era algo tão valorizado por aqui. Pelo contrário, existia um apelo predominante de que era necessário abrir espaço para o novo e, de preferência, com empreendimentos modernos que substituíssem a “velharia” do passado. Porém, para a nossa sorte, pequenos movimentos começaram a lutar para que a história fosse preservada não só além-mar, mas também por essas paragens.
Um deles foi capitaneado pelo pintor Ernesto Frederico Scheffel, em Novo Hamburgo, que ao lado da historiadora Ângela Sperb e de outros tantos entusiastas garantiu que o bairro de Hamburgo Velho fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os esforços iniciados por eles no final da década de 1970 e início de 1980 formaram o alicerce para que hoje, quase 50 anos depois, o bairro comemore a sua história em mais uma edição da HamburgerBerg Fest. Edição, essa, que ganha ainda mais notoriedade ao marcar os festejos do bicentenário da imigração alemã na cidade.
Para o arquiteto Jorge Stocker, especialista em centros históricos, espaços como o bairro Hamburgo Velho, por exemplo, têm grande potencial de participar ativamente da vida da cidade, além de ser um lembrete à população de que os municípios podem ser experienciados de outra forma. “Eles lembram da importância da relação das pessoas com a cidade, de conhecerem o seu lugar no mundo, do pertencimento a uma comunidade, por isso elas são tão importantes”, destaca.
Secretário de Cultura de Novo Hamburgo, Ralfe Cardoso defende que o patrimônio histórico e cultural é um agente importante para a identidade do município. “Ele conta sobre a nossa história, os nossos costumes e como chegamos até aqui”, defende. Nos últimos anos, inclusive, a prefeitura garantiu a restauração e reforma de importantes espaços históricos hamburguenses como o Lar da Menina, a Biblioteca Municipal e a Casa das Artes. “E começamos o restauro da Casa da Lomba e estamos prestes a dar início ao do Monumento do Imigrante”, conta.
Mas esse movimento de preservação da história não se restringe apenas a Novo Hamburgo. Pelo contrário, é algo que vem crescendo e se consolidando nas cidades da região. Dois Irmãos, por exemplo, está com três ações simultâneas: a reforma do Museu Histórico de Dois Irmãos, a construção da nova ponte sobre o Arroio Feitoria (que possibilitará a preservação da histórica Ponte de Pedra) e o processo de restauro do Moinho Collet.
Em Ivoti, o Núcleo de Casas Enxaimel não só resguarda a história local como atrai turistas para a cidade durante todo o ano. O complexo cultural, inclusive, é um dos mais utilizados pela prefeitura na promoção de eventos. Neste final de semana, por exemplo, o núcleo recebe a 17ª Feira das Flores que celebra a cultura e a tradição da cidade, que completa 60 anos. A feira segue também pelo próximo final de semana.
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