O grupo se apresenta gratuitamente no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, com dois concertos gratuitos e, no repertório, As quatro estações, de Vivaldi, Trenzinho Caipira, de Villa-Lobos, ou folclóricas, como Negrinho do Pastoreio, de Barbosa Lessa
Crianças e adolescentes de 12 a 19 anos atendidas pela organização não-governamental, Instituto Popular de Arte-Educação IPDAE, instalada na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, realizam, pela primeira vez, uma turnê pelo Estado e, nesta sexta-feira, 11 , apresentam-se no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno dez municípios gaúchos..
A exemplo dos personagens do drama Orquestra dos Meninos, filme estrelado por Murilo Rosa e por Priscila Fantin e baseado em uma história real, Porto Alegre também conta com uma orquestra formada por crianças e adolescentes da periferia. E desde o dia 3 de julho, os 23 músicos-mirins da Orquestra Infanto-Juvenil IPDAE, com idades entre 12 e 19 anos, realizam sua primeira turnê pelo Estado. O primeiro município visitado foi em Pelotas e, na próxima sexta-feira, 11 de setembro, o grupo se apresenta gratuitamente no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, em Novo Hamburgo.
Orquestra
A orquestra faz parte da Escola de Música do Instituto Popular de Arte-Educação (IPDAE), organização não-governamental localizada na Lomba do Pinheiro, um dos bairros mais pobres e violentos da capital gaúcha. Até outubro, os músicos passarão por pelo menos 10 municípios. A gurizada já passou por Santa Maria, Pelotas, Canela e Montenegro. Em Novo Hamburgo, o serão dois concertos gratuitos, um didático, às 15h, voltado a estudantes, e outro comunitário, aberto ao público em geral, às 19h30min. A turnê é patrocinada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) e pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), através da Rede Parceria Social, e por recursos do próprio Instituto.
Repertório
No repertório, músicas eruditas, como As quatro estações, de Vivaldi, e Trenzinho Caipira, de Villa-Lobos, ou folclóricas, como Negrinho do Pastoreio,de Barbosa Lessa. A intenção, explica fundadora e diretora-executiva do IPDAE, Fátima Flores Jardim, é disseminar o interesse pela música e mostrar que a periferia também tem talentos. “Queremos que os integrantes da nossa orquestra sirvam de exemplo a outros jovens”, acrescenta.
Entre os que farão parte da turnê está Luciano Corrêa, 15 anos. Ele relata que teve o primeiro contato com a música aos 12 anos, no IPDAE. Aluno do segundo ano do Ensino Médio, hoje sonha em ser um flautista conhecido. “Nunca tinha tocado e não imaginava que poderia ser músico, mas agora penso em prestar vestibular e fazer da atividade minha profissão”, afirma.
A Escola de Música do Instituto conta com cerca de 200 alunos e inclui cursos de flauta, violino, violoncelo e viola, com duração de oito anos e avaliações semestrais. A orquestra é resultado desse trabalho e fomenta o sonho que as crianças e adolescentes atendidas pela ONG têm de se tornar profissionais. “Na escola, temos alunos a partir dos sete anos. Essas crianças se miram no exemplo dos meninos e meninas da orquestra, que ensaiam quatro vezes por semana no Instituto e, em casa, dedicam de duas a quatro horas por dia à música. Os mais novos percebem a importância da dedicação e do estudo”, comenta Fátima.
Regente da Orquestra Infanto-Juvenil, Rosângela dos Santos frisa que, além da inclusão social, a música proporciona melhora na disciplina, na comunicação e no desempenho em sala de aula. É o que também reitera Jonathan Guilherme Pires dos Santos, 17 anos. De origem humilde, ele está no projeto há quatro anos e, na orquestra, há três. Hoje, além das aulas, estuda música em casa pelo menos duas horas por dia e sonha em ingressar na faculdade de Música. “Com a turnê, vou ter a chance de conhecer o Estado”, comemora.
Atualmente, a ONG trabalha pela busca de recursos que possibilitem a construção de uma nova sede, em um terreno localizado na própria Lomba do Pinheiro e doado por um advogado. O prédio atual, alugado há cerca de 10 anos, já não comporta a demanda (há uma fila de espera de pelo menos 100 crianças e adolescentes). A falta de espaço também obriga à realização de ensaios em salas improvisadas, como a que fica junto à cozinha, ou no pátio da instituição. Com projeto arquitetônico já aprovado na prefeitura, a obra está orçada em R$ 1,5 milhão.
Apresentações
Novo Hamburgo (11 de setembro), Canela (18 de setembro), Bento Gonçalves (25 de setembro), Porto Alegre (4 de outubro), Esteio (12 de outubro) e Passo Fundo (16 de outubro).
Como ajudar o Instituto: depósitos na conta do Banrisul, agência 040,
conta 06055813-02, através do e-mail [email protected] ou do telefone (51) 3336-3713, com Fátima.
Foto: Frederico León