O cluster coureiro-calçadista completo, das máquinas aos componentes, ganhou vida na região para se tornar uma referência internacional em design e inovação
“Quando se pensa no setor coureiro-calçadista, sabemos que é no Vale que toda a cadeia produtiva de matéria-prima está baseada”. A afirmação de Walter Rodrigues, estilista e coordenador de Pesquisa e Design da Associação
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Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) atesta a relevância da região não apenas na produção de calçados, mas também na oferta de tudo que é necessário para a fabricação de um item de moda.
Das máquinas e equipamentos, passando pelos produtos químicos, até os componentes, couros e metais, o cluster é completo e uma referência internacional. “A excelência em sofisticação e tecnologia está aqui”, avalia.
O estilista chegou ao Vale há cerca de 20 anos, no período em que a China passava a exportar para os Estados Unidos e muitas empresas locais não resistiram à concorrência. Foi nesse contexto que a Assintecal identificou a necessidade de aplicar o design também nos componentes, tornando a moda uma premissa já na concepção da matéria-prima.
Atentos ao futuro
Para Walter, evoluir e inovar são constâncias da indústria. Segundo ele, há “um mercado mais ansioso pelo novo e com desejo pela diferenciação”. Mas design e moda não são os únicos pilares. A sustentabilidade é um caminho sem volta. Ou como ele define, uma escada que sempre ganha um novo degrau.
“O futuro para os materiais está na sustentabilidade, que está permanentemente sendo discutida”, corrobora o presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), Valdir Soldi, que cita como exemplo de evolução o maior percentual de biodegradabilidade dos materiais, que reduz de forma drástica o impacto sobre o meio ambiente.
O especialista afirma que os fabricantes que apostam na tecnologia sustentável dos materiais sempre têm seus investimentos recompensados. “A inovação dos materiais diferencia o calçado e agrega valor. O consumidor percebe esta diferença e valoriza através da compra”, observa.
Temos know-how, moda e sustentabilidade
Foi a expertise de duas décadas dedicadas ao fornecimento de solados e saltos para fabricantes, por meio da indústria hamburguense Zeus, que inspirou o empresário Paulo Wermann a investir na sua marca própria de calçados femininos. A Mannfa nasceu neste ano com a identidade minimalista e atemporal, contemplando sempre o conforto e a cartela de cores de cada temporada.
A origem dos couros, sintéticos e pelicas utilizados nos cabedais, bem como a mão de obra – que é artesanal – estão concentrados no Vale. Vendida somente via e-commerce, a marca tem para 2024 planos que passam por lojas físicas próprias, além da abertura comercial para grandes lojistas.
“Sobretudo, estamos focados no fortalecimento da grife, abrindo cada vez mais espaço neste mercado competitivo, mas sempre atentos às oportunidades que surgem”, planeja Wermann.
E, em Estância Velha, a tradicional indústria de calçados de segurança Conforto foi certificada no nível Ouro do selo Origem Sustentável, concedido pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Isso significa que mais de 60% dos 104 indicadores do programa foram atingidos.
Desde sua fundação, em 1985, as práticas ESG, relacionadas ao meio ambiente, governança e sociedade, são uma realidade. O presidente João Altair dos Santos destaca o orgulho da empresa com o aval do único programa de certificação ESG para a cadeia produtiva do calçado no mundo.
“Este é um reconhecimento do esforço de toda uma equipe envolvida no processo para organização e registro