Em outubro de 2004 escrevi um texto sobre o Rio dos Sinos, que foi publicado no Jornal NH e também no Programa Conversando com Você na Rádio União.
Nessa época o Rio dos Sinos já tinha seus problemas, eram sérios e preocupantes. Passados dois anos, vemos um Rio dos Sinos seguindo agonizando em direção à morte. Sinto a necessidade de fazer algo mais, pois considero pouco o que ainda estou fazendo.
Então, peço a vocês que participem dessa grande corrente em favor do nosso Rio dos Sinos, passando adiante o texto “O Rio das nossas vidas”.
É o grito de socorro de um rio que não quer morrer! E se ele morrer, o que será de nós??? De onde vamos tirar água para sobreviver? Só a conscientização de sua importância para nossas vidas é capaz de salvá-lo e a nós também.
O rio das nossas vidas
Nesta pequena porção de água límpida, localizada no alto da serra, no município de Caraá, nasce o Rio dos Sinos, “o Rio das nossas Vidas”.
Descendo por entre as pedras, formando pequenas cachoeiras, serpenteando entre morros, vales e cidades, ele segue o seu destino, até o Delta do Jacuí.
Vendo-o, assim, neste recanto bucólico, escoando, tão sereno, sequer podemos imaginar, a sua importância, quando, aos poucos, vai se transformando em rio.
Ah, fonte de águas cristalinas! Como pode a mão do homem maltratar-te tanto?
Nasces, transparente, neste lugar tranqüilo, em meio à árvores verdejantes, e enquanto ainda corres escondido, por entre a mata virgem, pouco ou quase nenhum mal pode te fazer.
Mas, quando chegas às cidades, onde a tua existência, se torna mais vital, começas a receber todo o tipo de agressão.
São resíduos sólidos, esgotos, domésticos e industriais, que contaminam a tua água, tornando-a imprópria para o consumo, além de colocar em risco, toda a fauna e flora, que dependem de ti para subsistir.
Por não conhecer a pureza existente, na fonte do teu nascimento, o homem, nem se dá conta, de que a cor escura da tua água, é resultado da poluição, pois, ao longo do caminho, por onde passas, joga tanta sujeira, que é difícil acreditar, como ainda estas vivo!
Utiliza-se do teu leito, como se fosses uma LIXEIRA.
Para tornar tua água, novamente potável, o homem recorre de um complexo e oneroso tratamento tecnológico.
Essa indiferença, em preservar as tuas águas, parece demonstrar um forte desapego aos elementos vitais à sua subsistência.
Que importa, se não podemos mais banhar-nos em tuas águas nos dias quentes do verão?
Quem se preocupa com a vida de peixes e plantas, cada vez mais ameaçados?
É penoso constatar, mas o homem é o único ser, do planeta, capaz de sujar a água sem a qual não pode viver.
Não é possível continuar assim!
O homem precisa assumir a responsabilidade, que lhe cabe, como administrador dos bens, criados por Deus, e colocados à sua disposição.
A Terra é o paraíso que muitos acreditam estar perdido, não existir, ser só um sonho.
Porém o homem, não conseguirá vislumbrá-lo, enquanto os elementos, que compõem o meio ambiente, e as reservas naturais, forem vistos apenas com a finalidade de obtenção de lucro, e benefícios materiais.
Descobrir este “olhar” diferente, de perceber a natureza, é entender que, os ecossistemas que sistematicamente, dia após dia estão sendo exterminados, resultante da expansão urbana desordenada, são fundamentais para o equilíbrio ecológico do ecossistema global.
Dar-se conta da sua existência é constatar a complexidade e perfeição de uma magnífica diversidade e espécies, existindo num ritmo ecológico, que não pode, nem deve ser abalado.
As conseqüências são bastante sérias e pouco percebidas.
Uma delas, é a interferência na cadeia alimentar, onde são destruídos, principalmente, os predadores naturais.
O desmatamento das áreas ribeirinhas, pela retirada da mata protetora das margens do rio, cria a erosão, que resulta no assoreamento do seu leito, provocando cheias, cada vez maiores.
Temos muito o que aprender com os índios e com os animais, na convivência, pacífica e integrada com a natureza.
Quando Deus criou o homem, disse: “Tenham muitos filhos, espalhem-se por toda a terra e a dominem.” Gênesis 1.26
Ter poder para dominar, não significa poder para destruir.
O Poder, dado por Deus, é para preservar e proteger a natureza.
Porém, agimos, como se não fizéssemos parte dela, como se as conseqüências do desequilíbrio, resultante das queimadas, da poluição dos rios, do ar, e do solo, não nos atingisse.
Mas se dermos, a devida atenção às respostas que a natureza tem dado ultimamente, veremos que, talvez, estejamos atingindo os limites que nos separam, de uma grande catástrofe.
Cuidemos do “Rio das nossas vidas”, evitando poluí-lo e a seus afluentes.
Economizemos este líquido precioso, utilizando-o de modo racional, sem esbanjar.
Preservemos a nossa fonte de vida, porque, se este rio morrer, muitas espécies de vida morrerão também.
Um grande abraço.
Dione