São quase 200 anos de história, 96 dos quais com autonomia político-administrativa. Nascida Hamburgerberg, cresceu em direção ao que hoje é o Centro, por conta da linha férrea. E se tornou Novo Hamburgo, maior município da região, uma das maiores economias do Estado.
Nestas quase dez décadas construiu tanta coisa que nos orgulha… Foi, e sempre será, a Capital Nacional do Calçado. Mesmo que as indústrias tenham migrado, muito a inteligência do setor ficou aqui.
Tem a Fenac, tão bem lembrada no hino da cidade, composto e musicado pelo migrante Délcio Tavares (aliás, tá caindo de maduro a indicação para que ele se torne Cidadão de Novo Hamburgo). Fenac essa que faz feira, loca espaço e, com isso, movimenta comércio, hotelaria e restaurantes.
Tem o Esporte Clube Novo Hamburgo (e aqui escreve um torcedor do extinto Esperança), campeão gaúcho de futebol em 2017. Ainda no esporte, teve a Frangosul/Ginástica, campeã brasileira; o Jorginho Schmidt, técnico deste time e hoje da seleção colombiana de vôlei; Fernando Rose e Paulo Taicher, campeões pan-americano de tênis; a Sociedade Ginástica e sua história com o punhobol, esporte pouco conhecido, mas de muitas glórias para o clube.
Para quem não lembra (ou não sabe), tem o Baguncinha, batizado João Alfredo Ferreira, que tornou-se campeão brasileiro de Fórmula Ford nos anos 1980. Ou o Gerson Krindges, que conquistou o Mundial de Bicicross (hoje BMX). Ainda nos esportes sobre rodas, teve a dupla Gilberto Schury e Carlos Farina, multicampeã de rali; e Ronaldo Tormann, que brilhou no motocross.
Por falar em motocross, Novo Hamburgo teve aquela que foi, por muitos anos, a melhor pista da América Latina, onde Pedro Bernardo Raymundo, o Moranguinho, brilhou como ninguém.
Poderia falar muito mais de esporte, mas vamos à Educação. Nossa Fundação Liberato, seus técnicos concorridos e sua Mostratec fazem o Mundo olhar para Novo Hamburgo. Tem a Universidade Feevale e suas dezenas de cursos, a Instituição Evangélica e sua tradição e o aeroclube. Sim, o clube também tem uma escola técnica que forma pilotos comerciais (e isso pouca gente sabe).
Pulamos para a cultura e começo pela Fundação Scheffel e o incrível acervo do artista plástico Ernesto Frederico Scheffel; a Orquestra de Sopros, o Coro Julio Kunz, o Vitor Kley (filho do tenista Ivan Kley), o Teatro Feevale, a Hamburgbergfest, o Brique na Estação, o Festeja Hamburgo Velho e a menina dos olhos (não poderia ser diferente) do secretário da Cultura, Ralfe Cardoso, Núcleo de Orquestras Jovens. E o que dizer do maestro Linus Lerner, de reconhecimento internacional?
Tem tanta coisa boa para falar desta cidade, como o bairro Lomba Grande, com todo o seu potencial turístico, de lazer, mas acima de tudo agrícola-familiar. O Parcão e seus mais de 180 hectares prontos para lazer e recreação, mas acima de tudo, preservação.
Trago isso (que é o que me vem à mente nesta cinzenta manhã de quinta-feira), para dizer que não é um vídeo feito por um desconhecido que vai fazer eu mudar o que penso. Nem fazer a cidade deixar de ser o que é.
Aliás, nascido, alfabetizado, graduado e sempre morador de Novo Hamburgo, onde moro, criei minhas filhas, trabalho e voto, eu posso fazer críticas. Tenho esse direito, como outros milhares de cidadãos têm. Mas não posso aceitar que a ‘venda’ de um pseudo espetáculo ataque pessoas – especialmente uma mulher – e só veja coisas ruins.
Sim, Novo Hamburgo tem problemas que são iguais aos municípios do mesmo porte. Tem dificuldades, que são iguais aos municípios do mesmo porte. Mas não é por isso que merece ser rebaixada.
Não ao humor apelativo.
Sim a essa Novo Hamburgo de uma história que nunca vai se apagar.