Por Dudu News
Na semana passada, quando recebi uma mensagem de uma hamburguense, dizendo que um de seus amigos estaba internado há 10 meses, esperando por uma solução no seu caso, confesso que pensei que estava lendo uma mentira. Mas, infelizmente, é uma verdade, tão real quanto a dor desta pessoa.
Alexsandro Vargas da Silva, 30 anos, sofreu um acidente em novembro de 2021 e desde então luta diariamente pela vida. Ele trabalhava como motoboy e caiu da moto ao passar por um quebra-molas e uma placa de trânsito acabou atingindo e perfurando o abdômen. O acidente aconteceu na Rua Joaquim Nabuco, próximo ao Bourbon Shopping. Ele foi encaminhado para o Hospital Municipal de Novo Hamburgo, onde permanece há quase 10 meses. Em julho, os médicos solicitaram a transferência dele para o Hospital São Lucas da PUC, onde poderá passar pelos procedimentos necessários para sobreviver. Todos ainda aguardam que o pedido seja atendido, mas nada foi feito ainda pela secretaria estadual da Saúde. Talvez você pense que a solução é uma cirurgia extensa, grave, que demora horas, mas não é: este jovem precisa de uma sonda no estômago para melhorar sua alimentação.
A família entrou judicialmente com o pedido de transferência e uma liminar foi concedida dando o prazo da última quarta-feira (31) para que ele vá para o Hospital em Porto Alegre. E ele até agora não foi transferido, levando o sentimento de angústia.
Angústia essa resumida na piora do seu quadro. Ele precisou ser intubado, aguardando a solução para sua recuperação e melhora.
“Sua alimentação exigia dieta intravenosa. Em razão do longo tempo de dieta intravenosa, as veias estenosaram. O paciente foi internado na UTI, onde segue sedado e recebendo todos os cuidados. Atendendo ordem judicial, a Fundação de Saúde também esclarece que já cadastrou o paciente no sistema de regulação estadual para sua transferência para hospital especializado para realização de tratamento e cirurgia digestiva de alta complexidade”, afirmou a Fundação de Saúde Pública.
Não consigo pontuar o que é mais triste, neste caso. A demora da transferência, a não resposta do estado ou a data “limite” para salvar uma vida. Onde estamos? Sim, faço essa pergunta. Como um ser humano está nesta condição, com uma espera que representa sua piora? Onde está a noção do certo ou do errado? Onde está nosso senso de humanidade? Perguntas essas ficam, por que não podem ser respondidas após “a Lei Geral de Proteção de Dados”, como afirmou o estado do RS. Que o Hospital consiga o transferir logo, que o estado lhe dê toda assistência: afinal, somos cidadãos e temos o direito de SAÚDE. E isso é obrigação com a vida.
Ninguém merece passar por isso. Ninguém precisa passar por isso. Ninguém pode passar por isso.
Opinião do DuduNews.
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