Tema polêmico foi debatido na reunião do Pensando Novo Hamburgo. E você: é a favor ou contra a restrição?
Um dos temas cercados de maior polêmica atualmente no Rio Grande do Sul dominou a reunião desta quarta-feira do Grupo Pensando Novo Hamburgo. A possibilidade de implantação de uma legislação que proíba a venda de bebidas alcoólicas após a meia-noite, a chamada Lei Seca, divide opiniões, mas pode se tornar uma realidade.
Fotos da reunião nesta quarta-feira
Sugerida pelo secretário estadual de Segurança, José Francisco Mallmann, a norma é defendida como o meio mais eficiente para tentar reduzir o número de homicídios. No entanto, nem dentro do governo a restrição da venda de bebida alcoólica é unanimidade. Segundo já declarou a governadora Yeda Crusius, a medida deve ser uma iniciativa dos municípios e não uma lei estadual.
A partir disto, o Grupo Pensando Novo Hamburgo convidou o diretor de marketing do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Novo Hamburgo e região, César Silva, para dar seu parecer e iniciar um debate acerca da possibilidade da lei ser implantada no município.
César destacou o mérito da chamada Operação Lei Seca, que consiste na fiscalização e abordagem policial, mas classificou que a legislação sugerida é restritiva ao direito de livre escolha do cidadão. “Quero deixar claro que somos a favor da vida, que sabemos dos efeitos do álcool, mas acreditamos que o melhor caminho seja a educação para atacar as causas e não as conseqüências da criminalidade”, disse.
O empresário afirmou que a discussão vem sendo efetivas nas associações de classe, como ACI e Sindilojas, ressaltando o interesse da sociedade hamburguense em debater o tema. Ele apresentou ainda sugestões para sanar o problema da violência, que não contemplam a restrição da venda de álcool.
Entre as medidas indicadas, César apontou uma campanha de responsabilidade social, a inserção do tema álcool no currículo escolar, alertas nos rótulos de bebidas semelhantes aos que constam nas carteiras de cigarros, compromisso de fiscalização policial e do poder público sobre casas noturnas em funcionamento, além de um estudo de impacto social, cultural e econômico da restrição.
Opiniões diversas
Presente no encontro, o vereador de Dois Irmãos Marcel Van Hattem (PP) afirmou que o álcool é um potencializador da violência. Segundo ele, o município da Encosta da Serra já adota normatização semelhante. Porém, sempre com o apoio do órgão policial, sob pena de não funcionar efetivamente.
“Falamos muito nas áreas centrais da cidade, mas precisamos pensar principalmente nos bairros, onde infelizmente não há controle. Não há sequer uma distinção entre o que é restaurante, bar ou boteco”, lembrou.
Já o secretário de Segurança de Novo Hamburgo, José Carlos Trevisan, defendeu a realização de operações policiais de fiscalização e lembrou da importância do tema ser debatido. Entretanto, alertou que uma nova legislação, sozinha, não deverá resolver os problemas da criminalidade.
Mallmann se ampara a números
O secretário Mallmann tem se amparado a números para tentar justificar sua idéia de Lei Seca. Estudo publicado no jornal Zero Hora, de 2 de setembro, mostra que 36% das vítimas de homicídios na Grande Porto Alegre consumiu álcool, mesmo que em pequena quantidade. A pesquisa também indicou que a maioria das vítimas, 45%, era de jovens entre 21 e 30 anos.