Estudantes de 18 países expõem resultados de suas pesquisas nos pavilhões da Fenac. Melhores trabalhos serão premiados no sábado, mas visitação termina nesta sexta-feira. .
Felipe de Oliveira [email protected] (Siga no Twitter)
Circular desde terça-feira, dia 25, pelos corredores da Fenac, em Novo Hamburgo, é uma imersão no mundo da tecnologia.
Nos estandes, ao invés de sapatos, um semáforo inteligente, um robô que orienta deficientes visuais, um reconhecedor de cores. Tudo desenvolvido por estudantes de 14 a 21 anos. É a 26ª Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), promovida pela Fundação Liberato Salzano Vieira da Cunha.
Os melhores trabalhos serão premiados no sábado, 29, mas a última chance de visitação é nesta sexta-feira, das 14 às 21 horas, com entrada franca. São 350 projetos de alunos de ensino médio e técnico de 18 países, divididos em 13 categorias e cada uma destacará quatro. A Fenac recebe também o 18º Seminário Internacional de Educação Tecnológica (Siet) e o 3º Salão da Inovação.
A nova geração de cientistas promete. “Vemos aqui trabalhos com qualidade de graduação e até pós-graduação”, destaca a professora Marlene Teixeira, coordenadora da Mostratec pelo segundo ano consecutivo. “A criatividade deles na busca de soluções para problemas do cotidiano surpreende.”
A professora fala de projetos como o dos estudantes de Eletrotécnica da Fundação Liberato. “A gente vai pra aula de ônibus e perde muito tempo no trânsito”, reclama Bruno Ewald, 17 anos, um dos autores. Ele e os colegas Igor Winter, Leonardo Vedovatto e Jonathan Nagel, todos de 16 anos, desenvolveram um sistema de sensores capaz de acionar semáforos das cidades conforme o fluxo nos cruzamentos. Quando uma via estivesse vazia, o sinal fecharia e abria para a outra, onde haveria veículos.
O semáforo inteligente ainda está sendo aperfeiçoado e deve ser apresentado ao poder público. Bruno diz que pretende marcar encontro com as autoridades de trânsito hamburguenses para tratar do assunto. Ele chega a levar 45 minutos para fazer um percurso de cinco quilômetros entre sua casa e a escola.
Preocupação com
deficientes visuais
A deficiência visual é preocupação de outros dois projetos. Marcos Ferreira, 17 anos, e Vanessa dos Santos, 15, vieram do Espírito Santo apresentar o robô cão-guia. Um sistema desenvolvido pelos estudantes simula as ações de um animal para orientar quem não enxerga.
De acordo com a pesquisa que eles fizeram e que motivou o trabalho, no Brasil são cerca de dois milhões de deficientes visuais e pouco mais de 60 cães adestrados para guiá-los.
Já o reconhecedor de cor é o projeto de estudantes de Mecatrônica do Instituto Federal Sul-rio-grandense, de Charqueadas. Gabriel Mânica, 20, e Sara Côrrea, 17, projetaram um aparelho com sensores que distinguem as cores pela variação da resistência, alterada pela incidência de luz. A resistência é transformada em tensão e um sinal analógico é recebido por um microcontrolador, que o transforma em sinal digital e reproduz mensagens de voz.
A ideia surgiu a partir da conversa com um deficiente visual que revelou sua insatisfação em não poder saber a cor das roupas que usa. “Parece uma coisa simples, mas faz diferença para as pessoas que convivem com essa deficiência”, argumenta Sara. Viabilizado o projeto comercialmente, o reconhecedor de cor seria portátil e custaria em torno de R$ 100,00, preveem os estudantes.
FOTOS: Felipe de Oliveira / novohamburgo.org