Novo Hamburgo cancelou o desfile de carnaval de 2025 devido à prorrogação do decreto de calamidade pública, enquanto São Leopoldo e Estância Velha confirmaram suas festividades.
O decreto de calamidade pública em Novo Hamburgo está em vigor desde outubro de 2024 e foi motivado pelas enchentes que atingiram o estado em maio de 2024, permitindo a captação de recursos estaduais e federais para atender famílias afetadas.
A decisão impacta diretamente as escolas de samba Cruzeiro do Sul e Protegidos, que dependiam de apoio público.
O prefeito de Novo Hamburgo, Gustavo Finck, destacou que a prefeitura será parceira das escolas na busca por patrocínios privados, com a expectativa de realizar um carnaval robusto em 2026.
Já em São Leopoldo, o prefeito Heliomar Franco confirmou a realização do desfile de carnaval em 2025. Apesar de ajustes no orçamento, o evento contará com seis escolas de samba, incluindo a Império do Sol, que também compete na elite do carnaval de Porto Alegre. A data do desfile ainda será definida.
Em Estância Velha, o desfile principal ocorrerá em 8 de março, no Dia Internacional da Mulher, com o tema em homenagem às mulheres. O evento será seguido por um carnaval Infantil no dia 9. As escolas de samba Asas da Liberdade e Unidos da Ponte já começaram os preparativos, com ensaios abertos e organização da programação.
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Repercussão entre as escolas de samba
A presidente da escola de samba Protegidos, de Novo Hamburgo, Lana Flores Kohn, frisou que sua escola ainda vai realizar a festa, porém em Porto Alegre, no Complexo Cultural do Porto Seco. “O cancelamento do evento é pela cidade, pois a prefeitura não vai realizar o carnaval, então a Protegidos não vai se apresentar no centro de Novo Hamburgo, já que todos os eventos foram cancelados. Mas nós ainda vamos desfilar em Porto Alegre no dia 14 de março, e isso não vai parar, pois o carnaval só é cancelado se o povo não apoiar, e nossa comunidade quer, e está todo mundo querendo, então o nosso desfile vai acontecer. Nós continuamos nosso trabalho, com nossa luta, que tem já 55 anos de desfile, nós persistimos com nossos ideais. Somos apaixonados por isso, levando alegria às comunidades carentes”, disse Lana.

O presidente da Sociedade Esportiva Cultural Beneficente Cruzeiro do Sul, de Novo Hamburgo, Deivis Rafael da Silva, contou quais são os objetivos da escola para 2025. “Nosso objetivo principal é construir, ao longo do ano, um trabalho sólido para que no próximo carnaval possamos realizar uma celebração digna, à altura do que a cidade merece. Essa construção deve começar desde já, como sempre foi feito, e a Sociedade Cruzeiro do Sul se coloca à disposição para contribuir, assim como fez no ano passado. Durante as enchentes, a Sociedade Cruzeiro do Sul abrigou famílias e distribuiu mantimentos. Além disso, mantemos projetos sociais há anos, como oficinas para crianças, apresentações educativas sobre o carnaval em escolas e aulas de música clássica para jovens. Esses projetos são exemplos do impacto que a Cruzeiro tem na comunidade, e é importante destacar o papel da sociedade não apenas no carnaval, mas também na transformação social e cultural do município”, frisou.

O temista da escola de samba leopoldense Império do Sol, Ramão Edonil Dauinheimer de Carvalho, destacou o papel do carnaval como um movimento. “O carnaval não se resume apenas ao desfile, mas é um espaço onde qualquer pessoa pode vivenciar, criar e participar de arte, cultura e educação. Nas escolas de samba, planeja-se, pesquisa-se e desenvolvem-se atividades que ocupam crianças, jovens, adultos e idosos com música, dança, teatro e tantas outras manifestações culturais. Além de movimentar a economia local, como acontece aqui no Vale dos Sinos, o carnaval é uma válvula de escape, promovendo saúde mental, sociabilidade e transformação social”, explicou.
A Presidente da escola de samba Unidos da Ponte, de Estância Velha, Alcione Paulina da Silva, comentou com empatia sobre a situação de Novo Hamburgo. “A Unidos da Ponte Especial é uma escola de samba com mais de 20 anos de história e nunca cogitamos a possibilidade de não termos carnaval na cidade. Já enfrentamos situações em que algumas administrações eram contra, mas nos mantivemos firmes para garantir que o evento acontecesse, com ou sem o apoio da prefeitura. A situação de Novo Hamburgo é delicada, tanto para as escolas de samba quanto para o prefeito. Entendo o lado dele como administrador, mas entendo ainda mais o lado das escolas de samba. Não dá para aceitar que não haja carnaval. Não consigo nem imaginar a frustração que eles devem estar sentindo neste momento”, finalizou.

O diretor de carnaval da escola de samba Acadêmicos Verde e Rosa, de São Leopoldo, Evandro dos Santos “Dinho”, também prestou seu apoio à comunidade de Novo Hamburgo. “O carnaval não é apenas importante para São Leopoldo, mas também para toda a região e para a cultura do país. No contexto de São Leopoldo, a realização do carnaval pode ser vista como uma maneira de valorizar a identidade local, criando um diferencial em relação às cidades vizinhas, como Novo Hamburgo, que não vai realizar o evento este ano. Aproveito esse espaço e audiência para expressar nossa solidariedade aos carnavalescos e às pessoas envolvidas com a cultura de Novo Hamburgo. Quero deixar claro que estamos à disposição e que, assim como a escola de samba Acadêmicos Verde e Rosa, as escolas de samba de Novo Hamburgo têm nosso apoio. É uma pena que mais uma vez o prefeito não reconheça a importância do carnaval, especialmente este carnaval de referência que temos em nossa região”, disse.
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