Em 1992 convidei (foi quase uma imposição) a minha mãe D. Eunice e sua irmã, tia Ionne para que viessem morar em São Leopoldo, já que meus irmãos estavam na região metropolitana. Minha tia, que era cuidada pela mãe, não fez objeção alguma. Foi rápido a mudança e em menos de uma semana, após o suposto convite, elas estavam de mala e cuia na minha Capilé.
Hoje minha mãe está indo pros 83 anos e minha tia, para os 97; infelizmente o Mal de Alzheimer tomou posse destas encantadoras pessoas, mas ainda sou reconhecido, mesmo que às vezes troque de nome, mas a Nice sabe que eu sou seu filho. Dói ver que as lembranças recentes somem, mas tenho a certeza que estão cumprindo o que aqui vieram fazer. Acredito que ainda vão ficar muito tempo nesta encarnação.
As lembranças que eu tenho me dão força para crer cada vez mais no amor que sinto por elas; as duas sempre moraram juntas ou pertinho, e nos últimos 40 anos, lado a lado, como se fossem siameses. Quem não as conhece não tem como fazer um feedback, mas eu sou testemunha viva e mesmo quando elas forem para a morada espiritual, continuarei fiel aos seus ensinamentos.
Poderia citar os tormentos, as decepções, as dores, as dificuldades que elas passaram, mas aprendi há pouco tempo a perdoar o passado e por conseqüência, as pessoas envolvidas que de uma forma ou outra contribuíram para os entraves que elas passaram porque tudo na vida tem uma origem e não podemos – em hipótese alguma – fugir delas. Prefiro então enaltecer a meiguice desprendida destas duas criaturas maravilhosas que souberam acomodar seus filhos e sobrinhos, acalentando-os em todos os momentos.
Sim, pessoas maravilhosas, dignas, éticas e voltadas aos ensinamentos que o Pai ensinou; souberam transmitir as suas proles o melhor de todo o ensinamento: o respeito aos mais velhos, aos próximos e a própria vida.
Sou grato por estar ao lado de pessoas tão dignas, amáveis e gentis e se tiver oportunidade, quero na próxima encarnação ser parte delas, quer sanguíneo, quer afetivo, mas quero sim estar com elas. Ao lado delas sou grande, não na altura, mas no teor da vida. Basta pensar no que elas fizeram para mim e meus irmãos que sempre estou de pé, fortificado e pronto para o que vier.
Deus é sábio e sempre nos dá o que realmente necessitamos; às vezes demora, mas também aprendi que esta demora está proporcional ao seu capricho, sua qualidade; jamais quer algo simples para seus filhos; quer sempre o melhor. Por isto que eu tenho a minha mãe Eunice. Parabéns a ela e a todas as mães deste grande Brasil.
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