Para reverter as estatísticas que colocam em primeiro lugar os jovens negros, como as maiores vítimas da violência urbana, que mães de todo país se unem
Conforme dados da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e a Cultura (OEI), boa parte das mães negras brasileiras vão festejar seu dia no cemitério ou na cadeia, pois seus filhos, são as principais vítimas da violência no Brasil.
Sofrendo com o mesmo problema, os jovens e adolescentes privados de liberdade, são também em sua maioria negros, de acordo com o Instituto Latino- Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud).
Na tentativa de mudar essas estatísticas, mulheres negras de todo o país têm se organizado em associações para reivindicar os direitos de seus filhos. A educadora social Mônica Cunha, 41 anos, faz parte do Movimento Moleque – Mães Pela Garantia dos Direitos dos Adolescentes no Sistema Socioeducativo.
O Movimento foi criado em 2003 e reúnce cerca de 80 mães, a maioria negras. Elas promovem atividades para os filhos que estão vivos e livres. E buscam assistência jurídica para os privados de liberdade ou assassinados.
“Não é porque nós somos negras, moramos em comunidades e nossos filhos cometeram atos infracionários que nós devemos ser banidas da sociedade”, afirma Mônica, moradora do bairro Riachuelo, zona norte do Rio.
No Dia das Mães, Mônica pede de “presente” que o governo invista em ações de ressocialização dos jovens em conflito com a lei. Ela que teve um filho preso aos quinze anos, em 2001, e no ano passado o garoto morreu em situação ainda não esclarecida. A educadora defende que os problema dos jovens negros no Brasil seja assumido por toda a sociedade.
“Nós todos temos de nos unir, não podemos mais deixar esses adolescentes morrerem, crianças serem vitimizadas por outros jovens. Com o movimento, eu atendo meninos que me dão orgulho. O que eu não consegui fazer com o meu filho eu estou fazendo com outros”, diz.
Confira as estatísticas:
•O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que, 45% das mulheres brasileiras são negras (pretas e pardas).
•Pesquisa do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud) aponta que, no Brasil, entre os adolescentes que em 2004 estavam em privação de liberdade, 97% eram negros, 51% não freqüentavam a escola e 90% não tiveram a oportunidade de concluir sequer o ensino fundamental.
•De acordo com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e a Cultura (OEI), em estudo referente aos anos de 2000-2004, o Brasil é o terceiro entre 84 países quando se considera o assassinato de jovens.
• 93% das vítimas de assassinato no país é composta de homens negros, sendo a chance de um jovem negro morrer vítima de homicídio 85,3% maior do que a de um branco.
Fonte: Agência Brasil