Confirmação do fechamado do grupo Reichert escancara gravidade da crise que atinge todo o setor
A triste notícia para a região acabou se confirmando. Conforme havia adiantado na sexta-feira o portal novohamburgo.org, o Calçados Reichert, com matriz em Campo Bom, anunciou o término de suas atividades no setor calçadista. A confirmação da notícia veio na terça-feira, mas os impactos desta perda devem permanecer por muito tempo.
A quebra do Reichert é reflexo de uma crise sem fim no setor calçadista. A empresa fecha suas portas também nas filiais de Três de Maio, Feliz, Bom Brincípio. Boa Vista do Buricá, Humaitá e Crissiumal, demitindo em torno de quatro mil funcionários. As fábricas devem funcionar até o fim de julho, para atender os compromissos já assumidos.
Fundada há 72 anos, a empresa destinava suas vendas ao mercado externo, tendo como clientes países da Europa e os Estados Unidos. O motivo do fechamento teria sido mesmo a valorização do real em comparação ao dólar, além da concorrência com os produtos chineses.
Em 2006, a Reichert exportou cerca de 85 milhões de dólares. Agora, há a possibilidade de manter apenas uma fábrica de componentes para calçados, atendendo ao mercado interno, em Campo Bom.
Ao comunicar a decisão de encerrar as atividades, a direção da Reichert criticou os governos por prometerem ajudar o setor sem que nada tivesse ocorrido na prática.
Perspectivas diminuem
Nesta quarta-feira, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou a proposta do deputado Tarcísio Zimmermann (PT) de marcar uma audiência com o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para tratar da crise no setor coureiro-calçadista.
A idéia é solicitar ao Ministro a ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego e o oferecimento de cursos de aperfeiçoamento profissional aos trabalhadores do setor que forem demitidos. O encontro entre os parlamentares e o Ministro deverá acontecer entre quinta e sexta-feira.
“Já que o Governo não adota medidas efetivas para revitalizar o setor coureiro-calçadista, esperamos que, ao menos, sejam feitas ações compensatórias aos trabalhadores desempregados, que precisam de novas oportunidades no mercado de trabalho”, afirma o deputado.
Ontem, após uma reunião da Frente Parlamentar do Setor Coureiro-Calçadista com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, o deputado federal também criticou duramente o governo. “Parece não ter compreendido a gravidade da crise pela qual os setores intensivos em mão-de-obra, como o coureiro-calçadista, estão passando”, disse.
O deputado também queixou-se da não existência de uma sinalização, por parte do Governo, do anúncio de qualquer ação em favor dos coureiro-calçadistas, pelo menos em breve.
“A perspectiva que infelizmente desponta é a de agravamento da situação. O fechamento das atividades da empresa Reichert é só um exemplo do destino que outras empresas poderão ter e, em muitos casos, de maneira irreversível”, afirmou o deputado.