No programa Estação Hamburgo, médicas, voluntárias e sobreviventes compartilham experiências e reforçam a importância do diagnóstico precoce câncer de mama, do apoio emocional e do trabalho em rede que salva vidas na região.
Em um mês marcado pela cor rosa, o Estação Hamburgo, programa da Vale TV, abriu espaço para um dos temas mais sensíveis e necessários da atualidade: a conscientização e prevenção do câncer de mama. No debate exibido em 13 de outubro de 2025, a apresentadora Amanda Fröhlich recebeu mulheres que transformam dor em acolhimento, superação e exemplo para toda a comunidade do Vale do Sinos.
Participaram da conversa Bernadete Rohr e Regina Beatriz da Silva, do grupo Amigas de Mãos Dadas, de Novo Hamburgo; a médica Isadora Brandão da Silva, da Liga Feminina de Combate ao Câncer; e a terapeuta Sabrina Heckler, que superou a doença e hoje dedica sua vida a fortalecer a autoestima de outras mulheres.
O encontro foi transmitido ao vivo pelos canais 14 e 6 da NET e pelas plataformas digitais da Vale TV, integrando a campanha do Outubro Rosa, movimento internacional de prevenção ao câncer de mama.
A força das mãos dadas
A história do grupo Amigas de Mãos Dadas é uma das mais belas expressões de solidariedade de Novo Hamburgo. Fundado há quase 20 anos por mulheres que enfrentaram o câncer de mama, o grupo transformou a dor do diagnóstico em rede de acolhimento e esperança.
“Receber o diagnóstico é como sentir o chão se abrir. A gente pensa na morte, na família, no trabalho. Mas quando chega ao grupo e encontra outras mulheres passando pelo mesmo, tudo muda”, relatou Regina Beatriz da Silva, integrante desde o início e hoje uma das voluntárias mais ativas.
As reuniões acontecem todas as segundas-feiras à tarde, no Salão Nobre da Catedral São Luís, reunindo cerca de 50 mulheres em momentos de partilha, canto, oração e palestras com profissionais da saúde.
“Ali a gente canta, dança, chora, ri e se fortalece. Quem chega pela primeira vez estranha ver tanta alegria, mas depois entende: é a força da vida que fala mais alto”, resume Bernadete Rohr, há 18 anos no grupo.
A cada encontro, novas pacientes são encaminhadas pelos setores de oncologia do município. “Muitas demoram meses para aparecer, por medo ou por ainda não terem aceitado a doença. Mas, quando chegam, encontram acolhimento e uma nova família”, contou Bernadete.
“De um limão, a gente faz uma limonada”
A metáfora dita por Regina define o espírito das Amigas de Mãos Dadas. “Não escolhemos ter câncer, mas podemos escolher como viver esse processo”, explicou. O grupo se tornou conhecido por transformar histórias difíceis em aprendizado coletivo.
Além do apoio emocional, o grupo realiza campanhas de arrecadação, venda de camisetas e sombrinhas, palestras em escolas e empresas, e mantém parcerias com a Prefeitura, a Feevale, a Oncoprev de Taquara e profissionais da saúde.
“Ninguém faz nada sozinho. A gente vive de parcerias e gratidão. Médicos, advogados, nutricionistas e professores nos ajudam a manter o trabalho. E o retorno é ver cada mulher voltando a sorrir, reconstruindo sua vida e ajudando outras”, afirmou Bernadete.
O grupo também inspirou iniciativas semelhantes. Em Taquara, por exemplo, pacientes que conheceram o projeto fundaram a Casa Rosa, que hoje acolhe mulheres em tratamento oncológico, oferecendo alimentação e espaço de descanso enquanto aguardam consultas.
A fé como remédio e o afeto como cura
A médica Isadora Brandão da Silva, que atua como voluntária da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Novo Hamburgo, destacou a importância das atividades sociais e espirituais no tratamento.
“Está comprovado cientificamente que o emocional interfere no desfecho clínico. Quem participa de grupos, canta, reza, compartilha experiências, tem resultados melhores. O câncer é uma trajetória — e ninguém deve trilhá-la sozinha”, destacou.
A Liga, com sede no centro de Novo Hamburgo, desenvolve atendimentos clínicos, psicológicos e sociais gratuitos, além de visitas domiciliares paliativas. Isadora e a assistente social da entidade atendem pacientes em casa, especialmente aqueles que perderam a mobilidade.
“Muitos desses pacientes ficam isolados. Então, levamos não só atendimento médico, mas também o calor humano. Chamamos líderes religiosos, voluntários e até músicos para visitá-los. O tratamento é físico, mas também emocional e espiritual”, contou a médica.
A Liga também mantém projetos de alfabetização, informática e oficinas terapêuticas, além de promover palestras e ações educativas em escolas e empresas.
Sabrina: da dor à missão de cuidar
Entre as histórias que emocionaram o público está a de Sabrina Heckler, terapeuta emocional e sobrevivente do câncer de mama. Diagnosticada enquanto era mãe de uma criança pequena, ela contou como transformou o medo em força.
“Quando recebi o diagnóstico, o mundo desabou. Pensei no meu filho, no meu trabalho, no futuro. Mas decidi encarar como uma fase. Escolhi viver o câncer de forma leve, com fé e esperança”, revelou.
Durante o tratamento, Sabrina aprendeu o valor de aceitar ajuda. “Sempre fui a mulher que cuidava de todos. Precisei aprender a me deixar cuidar. Quando a gente se permite ser amada, a cura começa de dentro”, disse.
Hoje, ela se dedica a palestras e workshops sobre autoestima e autoconfiança, voltados especialmente para mulheres em processo de recomeço.
“A autoestima não é o que se vê no espelho, é o que está por trás dele. Mesmo com o corpo transformado, a essência permanece. Eu me cuido porque me amo, e é isso que tento ensinar a outras mulheres.”
Fé, música e esperança: o tratamento da alma
O grupo Amigas de Mãos Dadas valoriza a espiritualidade como parte essencial da recuperação. Cada encontro começa com oração, canto e atividades guiadas por psicólogas.
“Nós trabalhamos a alegria e a fé. Quando uma mulher entra chorando e sai sorrindo, sabemos que cumprimos nossa missão”, comentou Bernadete.
As voluntárias também realizam visitas hospitalares, levam mensagens de apoio a novas pacientes e oferecem suporte às famílias. “A família sofre junto. Muitas vezes, o marido ou os filhos não sabem como lidar. Nosso trabalho é mostrar que o amor é o melhor remédio”, completou Regina.
Em alguns casos, o grupo também intercede junto ao poder público para garantir atendimentos e exames. “Ainda faltam médicos, o tratamento demora e o deslocamento até Taquara é cansativo. Precisamos de políticas públicas que aproximem o cuidado da paciente”, reforçou Bernadete.
Diagnóstico precoce: informação salva vidas
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Rio Grande do Sul é um dos estados com maior taxa de mortalidade por câncer de mama. A médica Isadora Brandão explicou que a detecção precoce é o principal fator de sucesso no tratamento.
“Toda mulher deve realizar o autoexame mensalmente e procurar atendimento se notar nódulos, secreções mamilares, alterações na pele ou endurecimento da mama. Quanto antes o diagnóstico, maiores as chances de cura.”
Ela reforçou também que a doença não atinge apenas mulheres. “Homens também podem desenvolver câncer de mama. É raro, mas existe. A informação é para todos — famílias, pais, filhos e parceiros.”
Educar, cuidar e inspirar
As convidadas destacaram que a prevenção começa na infância, com educação para o autocuidado e vacinação contra o HPV. “Precisamos falar sobre isso nas escolas, com meninos e meninas. A saúde é um valor coletivo”, disse Isadora.
Sabrina complementou: “Cuidar não é egoísmo. É amor próprio. As mulheres precisam se colocar em primeiro lugar antes que a doença as obrigue a parar.”
Bernadete reforçou o convite para que novas pacientes participem do grupo:
“Estamos de portas abertas. Nossas reuniões são todas as segundas-feiras, à tarde, na Catedral São Luís. E no dia 25 de outubro teremos nosso chá beneficente, que ajuda a manter o trabalho e o passeio anual das integrantes.”
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Um Vale unido pela vida
A mensagem final foi de gratidão e esperança. “Não é preciso passar pela doença para se engajar. Todos podemos ajudar — divulgando, apoiando, ouvindo ou simplesmente estando presentes”, resumiu Amanda Fröhlich ao encerrar o programa.
“O Outubro Rosa é mais do que uma campanha: é um lembrete de que a prevenção salva vidas e que ninguém deve enfrentar o câncer sozinha.”
O Estação Hamburgo é um programa exclusivo da Vale TV. Exibido ao vivo, de segunda a sexta-feira, das 20h às 21h, o programa reúne convidados em uma bancada de debates que analisa temas de interesse público. Desde 2015, o Estação Hamburgo se consolidou como um espaço plural e democrático, voltado à comunidade, com pautas que abrangem política, cultura, sociedade e as principais questões da região.
O Estação Hamburgo tem o patrocínio de Calçados Beira Rio 50 anos, Construtora Concisa, Exatus Contabilidade, Merkator Feiras e Eventos e Coworking 360.
Debate realizado no dia 13 de outubro de 2025, no programa Estação Hamburgo, apresentado por Amanda Fröhlich, na Vale TV.