Empossado como 39º presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em discurdo neste domingo (1º) os principais compromissos do seu governo: “Governar para todos, combate a fome e as desigualdades”. Lula deu as declarações no parlatório do Palácio do Planalto, logo após ter recebido a faixa presidencial das mãos de uma cidadãos que, segundo o presidente, foram escolhidos por representar o povo brasileiro.
“Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim. Vou governador para todos e todas, olhando para nosso luminoso futuro em comum e não pelo retrovisor do passado de divisão e intolerância. A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra”, disse.
“Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro, representado pela Vigília Lula Livre, num dos momentos mais difíceis da minha. Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e tão cheia de significado”, afirmou. Lula foi preso em 2018, durante as investigações da Operação Lava Jato, e foi considerado ficha suja. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações da operação. Em 2022, foi considerado ficha limpa após as decisões.
“Quando digo ‘governar’, quero dizer ‘cuidar’. Mais que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro. Nesses últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo, não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando o lixo em busca de alimento para seus filhos, famílias inteiras dormindo ao relento – enfrentando o frio, a chuva e o medo –, crianças vendendo bala e pedindo esmola enquanto deveriam estar na escola vivendo plenamente a infância a quem têm direito, trabalhadores e trabalhadoras desempregados exibindo nos semáforos cartazes de papelão que nos envergonham a todos ‘por favor, me ajuda'”, afirmou.
Já no congresso, Lula afirmou que vai “está revogando os decretos de ampliação do acesso a armas e munições”. Chamou o decreto de criminoso, em um ato parecido ao que fez em 2002, com o desarmamento.
Lula prestou juramento à Constituição às 15h04 e foi declarado empossado presidente da República às 15h06, em uma cerimônia no Congresso Nacional. Às 15h11, Lula assinou o termo de posse.
MOURÃO
No último dia de governo, quem leu e proferiu o discurso de encerramento da gestão Jair Bolsonaro foi o vice-presidente, Hamilton Mourão. Em tom crítico, o senador eleito pelo Rio Grande do Sul disse que “caberá a oposição fazer oposição ao novo governo, e quem é saudável a transição de governos em uma democracia”.
CONVIDADOS
Paulo Pimenta, gaúcho, novo ministro de Comunicação do governo, era peça-chave entre os convidados. O presidente argentino, Alberto Fernández, também marcou presença, junto ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo. Quem desistiu de última hora do convite de Lula foi Nicolas Maduro, presidente da Venezuela.
3° MANDATO
Lula volta ao Planalto para um feito histórico: o terceiro mandato como presidente da República. Ao lado de Janja da Silva, sua esposa, da família, do vice, Geraldo Alckmin, volta ao governo após períodos turbulentos. “Minha mais importante missão, a partir de hoje, será honrar a confiança recebida e corresponder às esperanças de um povo sofrido, que jamais perdeu a fé no futuro nem em sua capacidade de superar os desafios. Com a força do povo e as bênçãos de Deus, haveremos der reconstruir este país”, diz parte do discurso.
POLÍTICA – ANÁLISE DO EDITOR
• Até alguns meses atrás, Rodrigo Pacheco e Artur Lira, presidente do Senado e da Câmara, eram aliados de Jair Bolsonaro. Hoje, em discurso, Pacheco saudou a posse de Lula, em tom harmonioso com o novo presidente. São as mudanças de teor político – o que os brasileiros já estão acostumados a ver, ainda mais no centrão.
• Lula terá facilidades e dificuldades, e isso ficou claro ao longo dos movimentos de posse. Congresso lotado de apoiadores eleitos, como deputados e senadores. Mas ainda há uma parte de congressistas apoiadores de Jair Bolsonaro. Veremos os próximos capítulos.
• Nos bastidores, chamou a atenção da presença de Geraldo Alckmin em todos os momentos da posse, como fiel escudeiro de Lula.
• Na economia, impressões: um governo intervindo na economia, em um estado com estatais, e, também, unindo classes trabalhadores as classes empresariais. Uma marca dos governos petistas, e que já indicam mudanças no mercado.
Imagens: Ricardo Stuckert/Governo Federal